Publicado em: 30/01/2025 às 20:00hs
A China iniciou as celebrações do Ano Novo Lunar (Ano da Serpente) e permanecerá afastada do mercado por uma semana. Durante esse período, a ausência dos investidores chineses tende a reduzir o volume de negociações, especialmente no mercado de futuros. “Esse fator impacta diretamente a liquidez e pode influenciar a volatilidade dos preços”, explica Ignacio Espinola, analista sênior de Inteligência de Mercado da Hedgepoint Global Markets.
Além disso, aumentam as incertezas nos mercados de óleo de palma e óleo de soja devido a possíveis sanções que Donald Trump pode impor à China. Paralelamente, o governo chinês iniciou a repatriação de cidadãos que viviam ilegalmente nos Estados Unidos, em resposta às advertências do presidente americano sobre tarifas e sanções a países que recusarem a aceitação de deportados.
Buscando impulsionar suas vendas externas, o governo argentino anunciou a redução temporária dos impostos sobre exportação (retenciones) até junho de 2025. “A medida visa tornar os produtos agrícolas argentinos mais competitivos no mercado global, aproveitando o atual cenário do comércio internacional”, destaca Espinola.
As novas alíquotas reduziram a taxação da soja de 33% para 26%, enquanto milho e trigo passaram de 12% para 9,5%. O farelo e o óleo de soja tiveram suas tarifas reduzidas de 31% para 24,5%, medida que pode estimular a comercialização desses produtos nos próximos meses.
A China impôs a suspensão de cinco exportadoras brasileiras de soja devido ao descumprimento de requisitos fitossanitários. A restrição, que pode durar até 12 meses, representa um impacto significativo no comércio entre os dois países.
Segundo Espinola, essas cinco empresas foram responsáveis por 40% das exportações de soja brasileira para a China em 2024, o equivalente a 29,2 milhões de toneladas das 73 milhões de toneladas enviadas ao país asiático. “Nos últimos anos, a China tem aumentado sua dependência da soja brasileira em detrimento da americana, buscando diversificação de fornecedores e reservas estratégicas diante da possibilidade de um conflito comercial com os EUA”, explica o analista.
Os fundos especuladores reduziram drasticamente suas posições vendidas em soja, passando de 49 mil contratos “short” para 1 mil contratos “long” em um período de duas semanas. Para o farelo de soja, a posição manteve-se estável em 68 mil contratos vendidos, enquanto no óleo de soja houve uma queda expressiva de 49 mil para 12 mil contratos vendidos, indicando um cenário mais neutro para a commodity.
“O mercado segue atento às condições climáticas na América do Sul, pois a falta de chuvas pode afetar a produção argentina. O último relatório WASDE estimou a safra em 52 milhões de toneladas, mas esse número pode ser revisado para baixo. Enquanto isso, o chamado ‘prêmio climático’ continuará influenciando os preços, assim como os desdobramentos políticos envolvendo Donald Trump”, conclui Espinola.
Fonte: Portal do Agronegócio
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