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Mercado de Grãos: Efeitos do conflito no Mar Negro, exportação de sorgo para a China e estratégias dos fundos de investimento

Tensões geopolíticas e acordos comerciais influenciam o mercado global de commodities, com destaque para trigo, milho e sorgo


Publicado em: 29/11/2024 às 10:10hs

Mercado de Grãos: Efeitos do conflito no Mar Negro, exportação de sorgo para a China e estratégias dos fundos de investimento

O mercado de grãos enfrenta um cenário de incertezas, impulsionado pela intensificação do conflito no Mar Negro e pela recente autorização da China para a importação de sorgo brasileiro. Essas variáveis, somadas às posições estratégicas de fundos de investimento, trazem impactos diretos sobre o comércio global de commodities agrícolas.

Impactos do conflito no Mar Negro

A escalada do conflito entre Ucrânia e Rússia no Mar Negro está gerando preocupações no mercado, especialmente no setor de grãos como o trigo, que é altamente dependente da região para transporte e fornecimento. Ignacio Espinola, analista sênior de grãos da Hedgepoint Global Markets, aponta que as tensões podem levar a um aumento nos custos de transporte devido ao risco de ataques e ao chamado "prêmio de gelo" — um adicional de US$ 1 a US$ 2 por tonelada para mercadorias transportadas no inverno.

“A elevação nos preços de frete também pode impactar o custo CIF final, já que armadores podem se recusar a operar na rota em função da guerra”, observa Espinola. Esses fatores contribuem para um cenário de volatilidade nos preços e oferta global de trigo.

Brasil-China: abertura para exportação de sorgo

A recente autorização da China para a importação de sorgo brasileiro promete alterar a dinâmica global desse mercado, atualmente dominado pelos Estados Unidos. O sorgo é utilizado principalmente na produção de ração animal e bebidas alcoólicas.

“O Brasil, apesar de ter uma produção 40% menor que a dos EUA, pode começar a competir no mercado global, impactando especialmente a produção norte-americana de milho”, destaca Espinola.

Atualmente, a China absorve 88% das importações globais de sorgo, sendo o principal destino das exportações dos Estados Unidos. Com a entrada do Brasil nesse mercado, é esperado um aumento na produção nacional, possivelmente substituindo áreas dedicadas ao milho pelo sorgo. Essa mudança pode intensificar os efeitos da guerra comercial de 2018, que já havia afetado a exportação de sorgo.

Movimentos dos fundos de investimento

Os fundos de investimento seguem com posições líquidas vendidas em soja, farelo de soja, óleo de soja, milho, algodão e trigo. No entanto, há um movimento recente de redução nas vendas de milho, que caíram para a metade — 15 mil contratos. Há duas semanas, os fundos mudaram suas posições líquidas de curtas para longas, tornando-se compradores pela primeira vez desde 23 de junho, quando mantinham cerca de 2 mil contratos.

Esse comportamento reflete as especulações em torno do impacto do conflito no Mar Negro e do novo acordo Brasil-China. Além disso, o comportamento da China no mercado de soja, especialmente em relação às compras, permanece como um fator crítico para a formação de preços do complexo soja.

Perspectivas para o final do ano

Com o final de 2024 se aproximando, o mercado enfrenta pressão adicional devido à menor liquidez, provocada pelo encerramento de posições e ajustes de portfólio para fechamento contábil. Os desdobramentos do conflito geopolítico, a entrada do Brasil no mercado de sorgo e as estratégias de fundos de investimento devem continuar influenciando os mercados de milho, trigo e sorgo nos próximos meses.

Fonte: Portal do Agronegócio

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