Publicado em: 07/12/2023 às 11:50hs
Dezembro costuma ser um relatório mais tranquilo por parte do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). Já não haverá ajustes do lado da oferta no balanço dos EUA e só teremos os números finais em janeiro. Historicamente, as alterações do lado da demanda também são menos frequentes em dezembro. Para este mês o mercado não estima mudança nos estoques finais.
A principal interrogação para o relatório desta sexta (8) é a produção brasileira. O mercado já vem precificando um número menor devido ao mau início que as lavouras tiveram – apesar das melhoras recentes. Porém, a questão é que estimar a safra é diferente de estimar o que o USDA fará.
Nos últimos 10 anos, a agência nunca alterou a produção brasileira em dezembro. Assim, embora concordemos com a opinião de que a produção do país deverá ser inferior a 163, o mercado poderá ficar decepcionado na sexta-feira.
Como costuma acontecer, o milho está numa posição semelhante. As alterações no balanço dos EUA em dezembro não são tão frequentes como nos meses anteriores e centram-se no lado da demanda. O mercado também não estima mudanças nos estoques de milho americano neste mês.
No entanto, existe a expectativa de que a agência reduza a produção 23/24 do Brasil em 1M ton. Porém, como na soja, as alterações na produção brasileira de milho em dezembro são exceção nos últimos 10 anos - tendo ocorrido apenas uma vez, em 16/17.
Isso abre uma oportunidade para que o mercado seja desapontado na liberação do relatório. Não são esperadas muitas mudanças nos números da Ucrânia. O ritmo das exportações foi bom em novembro, mas os recentes desafios climáticos no Mar Negro poderão evitar uma revisão.
No trigo, um WASDE (Estimativas de Oferta e Demanda Agrícola Mundial) calmo parece estar a caminho. À medida que a colheita avança no Hemisfério Sul, há menos espaço para ajustes nas estimativas da Austrália e da Argentina.
Comparando com as estimativas das agências locais, os ajustes marginais em ambos os países podem compensar-se mutuamente – a Argentina pode ter um corte de 1,5M ton, enquanto a Austrália pode ver uma revisão ascendente de 1M ton na sua produção. Além disso, a produção do Canadá também pode ser aumentada, dados os números finais do Statcan divulgados esta semana.
Os números das exportações da Rússia também são algo a observar – o ritmo das exportações diminuiu nas últimas semanas devido ao clima no Mar Negro.
O mercado não espera grandes mudanças no balanço dos EUA, mas os números das exportações podem aumentar, dadas o volume elevado no último relatório de vendas de exportação e a demanda vinda da China.
Por Pedro Schicchi, analista de Grãos e Oleaginosas da hEDGEpoint Global Markets
Fonte: hEDGEpoint Global Markets
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