Publicado em: 04/11/2024 às 11:50hs
“A corrida pela presidência é sempre acompanhada de perto, pois seus resultados influenciam o futuro da economia global, incluindo a agricultura e o mercado de commodities. A próxima eleição nos Estados Unidos e as mudanças políticas correspondentes terão um impacto direto nos setores agrícolas doméstico e internacional”, analisa Chris Trant, chefe do Departamento de Agricultura dos EUA na Hedgepoint.
Internacionalmente, a presidência dos EUA tem um poder enorme de influenciar os acordos comerciais, a força do dólar e o papel desempenhado pelos EUA na segurança alimentar global. No âmbito interno, o impacto será sentido na regularidade, na produção e nos programas domésticos de energia renovável.
Para obter mais apoio político do público rural, ambos os candidatos escolheram vice-presidentes com forte apelo nas comunidades produtoras. No entanto, Trump e Harris têm abordagens diferentes sobre o futuro do mercado agrícola. Trabalho, energia renovável, preços dos alimentos e relações com a China estão entre as principais questões desta eleição.
Chris Trant relata que podemos esperar uma política agrícola semelhante à do último mandato de Donald Trump na Casa Branca (2017-2021).
Anteriormente, Trump se concentrava na desregulamentação ambiental, em políticas comerciais protecionistas, como tarifas, e na renegociação agressiva de acordos comerciais globais.
"Essa política agressiva de Trump acabou levando a uma guerra comercial com a China em 2018. O país era historicamente o maior comprador individual de soja dos Estados Unidos, e o atrito levou a uma queda nas exportações e no preço dos EUA. Como resultado, o Brasil substituiu os Estados Unidos como o principal exportador do produto para a China", diz.
Trant ressalta ainda que o governo Trump criou um programa para compensar os agricultores dos EUA pela queda resultante nos preços. Essa foi uma consideração tanto econômica quanto política, pois os agricultores eram vistos como uma parte essencial da base eleitoral do presidente Trump.
Apesar de as relações comerciais terem se normalizado com a China desde então, o Brasil ainda é o maior parceiro comercial da China para as importações de soja. Chris Trant acrescenta: "Se Trump for eleito e seguir uma cartilha agressiva semelhante, poderá haver uma nova guerra comercial com a China". Entretanto, dada a redução da participação das exportações de soja dos EUA para a China, é possível que a reação do mercado de soja seja menos volátil se a história se repetir.
Durante sua campanha, Trump levantou alguns outros pontos importantes sobre sua política agrícola. Os principais pontos levantados pelo republicano:
Para Kamala Harris, o especialista espera um mandato semelhante ao de Biden, já que a candidata é sua atual vice-presidente. Nesse caso, o foco será em investimentos sustentáveis.
"A produção de energia verde cresceu durante o governo Biden, e é provável que essa tendência continue se Kamala vencer", acrescenta. Um dos principais impulsionadores desse crescimento foi o aumento do uso doméstico de óleo de soja em combustíveis renováveis.
As regulamentações agrícolas do candidato democrata seguem o mesmo caminho. Espera-se que a administração de Harris se empenhe na produção sustentável, incluindo leis e padrões que protejam o meio ambiente.
"Isso deve ter um impacto no mercado agrícola, pois Kamala apoia fontes de energia renováveis, como o biodiesel, que é feito de óleo de soja. Se ela vencer, esse apoio poderá aumentar a demanda por soja para a produção de biocombustível", observa.
Outras políticas nas quais Kamala diz que trabalharia como presidente:
“O histórico de Harris em questões agrícolas é escasso. No entanto, a candidata tem se concentrado mais no assunto durante a campanha nas últimas semanas”, conclui o especialista.
Fonte: Hedgepoint Global Markets
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