Publicado em: 01/10/2013 às 16:00hs
A Casa Branca ordenou que as agências federais implementassem seus planos para fechar parcialmente suas operações depois que as negociações políticas não conseguiram acabar com o impasse no Congresso para financiar os serviços públicos – os deputados republicanos insistem em vincular a aprovação de um plano orçamentário ao veto de pontos do Obamacare, a reforma de saúde aprovada há três anos.
Esta é a primeira paralisação parcial do governo americano em 17 anos. A última vez que isso ocorreu foi na administração de Bill Clinton, que suspendeu pagamentos por um total de 28 dias entre o fim de 1995 e o início de 1996, quando duas crises orçamentárias seguidas custaram 1,4 bilhão de dólares aos contribuintes, segundo dados oficiais.
Desta vez, a amplitude da paralisação ainda não está clara. Muitos serviços públicos, como o serviço militar e os serviços postais, vão continuar. O mais importante, contudo, é saber por quanto tempo o governo americano ficará parado. De acordo com dados do Morgan Stanley, a maioria das 17 paralisações ocorridas nos EUA desde 1976 teve curta duração, de um a dois dias.
Se esta paralisação durar menos de uma semana, provavelmente não terá impacto significativo na economia, estimam analistas econômicos. O grande risco, avalia Joel Bine, diretor da consultoria AlixPartners, será o clima de incerteza que a paralisação provocará, "em confluência com o debate sobre o projeto para a saúde e a perspectiva de aperto fiscal pelo Federal Reserve (o Banco Central dos EUA)".
Setores afetados – Para a indústria de energia, a paralisação do governo deve atrasar a liberação de novas permissões para a busca de petróleo e gás em terras públicas, congelar a revisão de novos planos de perfuração de postos de petróleo no mar, interromper planos de desenvolvimento do setor. A permissão para novas explorações em minas devem ficar paradas, mas as inspeções em mineradoras devem continuar porque estão à cargo da administração estadual.
No departamento geológico dos EUA apenas 43 funcionários entre os mais de 8 000 devem permanecer no trabalho, a maioria deles no Centro de Informação Nacional sobre Terremotos. Já no Departamento de Transportes os planos de operação envolvem cerca de 15 500 funcionários dos 46 000 que trabalham no local e que ficarão de licença.
Segundo informações da Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) as operações de controle de tráfego aéreo, manutenção e operação de auxílio à navegação, e pedidos de investigação de acidentes, entre outras funções, serão mantidos. Outras atividades da FAA, como treinamento de controladores de tráfego aéreo, inspeções em instrumentos de segurança, analise de desempenho de tráfego aéreo, entre outros devem permanecer paradas, caso o governo não tenha como pagar suas contas.
O setor de agronegócio deve ficar complicado porque dados cruciais do governo ficarão parados. Os planos do Departamento de Agricultura dos EUA é de manter em licença funcionários responsáveis por alguns relatórios semanais e diários de estatísticas que são acompanhados de perto pelos investidores. Qualquer atraso na divulgação dessas estatísticas pode afetar o mercado de commodities e ações.
Para a indústria do aço e a confiança do consumidor e das empresas a paralisação do governo americano terá um impacto maior. A indústria do aço já está caminhando na linha fina entre lucros e perdas e a paralisação vai apenas agravar esta situação. Embora o setor tenha se beneficiado da recuperação dos fabricantes americanos de carros, as últimas margens de lucro foram corroídas pela alta nos preços do minério de ferro e pelo legado de custos atrelado aos contratos com os grandes sindicatos.
Além disso, a paralisação do governo deve afetar as expectativas para novos projetos de gastos com infraestrutura, e a incerteza deve preocupar os consumidores, que gostariam de comprar carros e equipamentos, e empresários que gostariam de investir no uso intensivo de aço.
Ações – O mercado de ações e derivativos vai continuar a funcionar nesta terça-feira mesmo com setores do governo paralisados, ainda que algumas atividades regulatórias possam desacelerar. A capacidade de manter os mercados abertos reflete a mudança da indústria em direção a um modelo de autorregulamentação que envolve agências financiadas pela indústria e supervisão interna das negociações feitas pelas próprias bolsas.
Reguladores como a Securities and Exchange Commission (SEC, a CVM do mercado americano) e a Comissão de Comércio de Futuros de Commodities (CFTC) já detalharam nos últimos dias como vão reduzir suas operações enquanto o Congresso dos EUA não resolve a batalha sobre o Orçamento.
Fonte: Estadão Conteúdo
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