Publicado em: 17/09/2013 às 11:50hs
Por ter ficado acima do previsto pelo mercado, o resultado colocou perspectivas mais desfavoráveis para a variação dos preços no atacado no restante do mês, mas economistas avaliam que ainda é cedo para elevar as projeções para os índices ao consumidor em função da surpresa negativa com o IGP-10.
No Boletim Focus, do Banco Central, a mediana de estimativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou estável em relação à semana passada, em 5,82%. Por outro lado, as previsões para o IGP-M e para o IGP-DI foram revisadas para 5%, de 4,62% e 4,79% na semana anterior, respectivamente, alteração que analistas relacionam a um mês de setembro pior que o esperado para os preços ao produtor.
Com peso de 60% no IGP-10, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) aumentou de 0,19% para 1,46% na passagem mensal, influenciado pelos produtos agropecuários, que deixaram deflação de 0,45% para expansão de 1,43%, e também pelos bens industriais, cuja alta passou de 0,43% para 1,32%. Para o superintendente adjunto de inflação do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), Salomão Quadros, o desempenho do indicador sinaliza IGPs maiores em setembro, com taxa próxima de 1%.
Nos preços agrícolas, o maior impacto partiu da soja, que avançou 6,84% na medição atual, ante retração de 2,30% na anterior. Segundo Quadros, boletins menos favoráveis em relação ao clima nas regiões produtoras do grão, no exterior, têm puxado para cima os preços desde meados de agosto. Devido à soja mais cara, o farelo de soja também acelerou no atacado, de 1,20% para 10,73%.
Além da disparada da soja, Priscilla Burity, do banco Brasil Plural, afirma que a alta mais forte que o previsto dos preços agropecuários na leitura atual do IGP-10 também reflete a desvalorização cambial. De acordo com Priscilla, a tendência é que as matérias-primas agrícolas subam ainda mais daqui até o fim do mês, o que deve levar o IGP-M a aumentar cerca de 1,20% em setembro.
A economista, por enquanto, aponta que não foram detectados repasses no varejo, mas esse efeito deve aparecer nas coletas de preços das próximas semanas. Quadros, da FGV, diz que o avanço de 0,22% do Índice de Preços ao Consumidor - 10 (IPC-10) em setembro, ante recuo de 0,07% em agosto, foi provocado mais por aumentos sazonais dos produtos in natura.
Embora ainda não tenha chegado com muita intensidade ao varejo, a transmissão dos preços no atacado agrícola aos alimentos industrializados no atacado está ocorrendo com mais rapidez do que o previsto, na opinião de Fabio Romão, da LCA Consultores, e indica alimentos ao consumidor um pouco mais pressionados do que a sazonalidade em outubro.
O economista da LCA afirma que a escalada da parte agrícola não surpreendeu, mas o IPA industrial superou suas estimativas. Dentro dessa parte do índice, os produtos alimentícios e bebidas subiram de 1,22% para 2,19%. Para Romão, essa trajetória, que se deve ao real mais fraco e ao repasse da alta dos grãos, deve ganhar intensidade ao longo do mês. Ele prevê avanço de 1,26% no IGP-M de setembro, com aumento de 2,62% dos preços agrícolas e de 1,45% dos industriais.
Em função do novo patamar do dólar e da valorização das commodities, a consultoria elevou recentemente, de 5,2% para 5,5%, sua projeção para a variação do IGP-M em 2013. A previsão para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), no entanto, foi mantida em 6% e, segundo Romão, já acomoda alguma pressão adicional dos alimentos a partir de outubro.
Priscilla, do Brasil Plural, conta com aumento de 6% do IGP-M no acumulado do ano, mas também avalia que é cedo para aumentar sua estimativa de 5,8% para alta do IPCA no período (sem considerar um reajuste da gasolina) devido às surpresas recentes nos IGPs. "As variações no atacado são muito voláteis", afirmou.
O boletim Focus também mostrou que a mediana das projeções para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) em 2013 subiu de 2,35% na semana passada para 2,40% na divulgação de ontem. A expectativa de crescimento para este ano começou 2013 em torno de 3,3%, na projeção em janeiro, e foi baixando até 2,17% no fim de agosto, quando voltou a subir.
Fonte: Canal do Produtor
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