Publicado em: 06/01/2012 às 13:45hs
Para o BIS, isso ocorreu mesmo sem a moeda brasileira ter se valorizado em termos reais em 2011, pela nova base de cálculo que o banco passou a adotar no seu índice de taxa de câmbio efetiva real (EER, na sigla em inglês).O EER representa a média cambial da moeda de um país relativa a uma cesta de outras moedas ajustadas pelo preço ao consumidor. Se o ranking da moeda está abaixo de cem significa que está desvalorizada e tem espaço para se apreciar.
Ano base - Agora, o BIS mudou o ano base, de 2005 para 2010, para "refletir mudanças no comércio mundial". Significa, por exemplo, que a fatia da China no comércio global aumentou enormemente nos últimos anos. E como resultado, para um bom número de países, incluindo o Brasil, a China tornou-se o principal parceiro comercial e o impacto de sua moeda também aumentou.
Cálculo - Para calcular o peso da taxa de câmbio real da moeda brasileira, o banco leva em conta a participação da China, EUA, Argentina, zona do euro e outros parceiros no comércio brasileiro (matérias-primas não são incluídos no cálculo), além de um fator que reflete a concorrência em outros mercados nos quais os dois países são exportadores (por exemplo, Brasil e China competindo no mercado americano). Assim, o peso da China no cálculo da taxa real de câmbio da moeda brasileira passou de 2,8 sobre 100 no período entre 1999 e 2001; para 9,7 em 2005-2007; e 14,3 em 2008-2010. No caso dos EUA, o peso declinou de 31,2 para 23,4 e, agora, para 18,9. E da zona do euro, de 24,5 para próximo de 21 desde 2005. E ficou estável no caso da Argentina, em torno de 10.
Venezuela - Agora, como o enfoque do BIS é só a partir do novo ano-base 2010, ele conclui que a moeda brasileira não valorizou desde então, tendo a mesma taxa em termos reais como em 2010. Já o bolívar fuerte da Venezuela continua em primeiro lugar entre 61 economias, com valorização de 26,33% desde 2010.
Yuan - Por sua vez, o yuan chinês se valorizou 6,5% em termos reais no período. O dólar perdeu 3,2% e o euro, 1%. Em comparação, na base anterior, em que 2005 era igual a 100, o BIS mostrava portanto num mais longo período que, por exemplo, em outubro de 2011 o real brasileiro tinha perdido o posto da divisa que mais tinha se valorizado, superado pelo bolivar fuerte da Venezuela, entre as 58 maiores economias do mundo. Em julho, a taxa de câmbio efetiva real era de 160,1 por unidade do real, ou seja, valorização de 60,1%, e caiu para 145,59 em outubro. Já o bolívar fuerte tinha taxa de 139,6 em julho e passou para 151,66 em outubro. O yuan chinês estava valorizado na série histórica, de 120,56 em julho para 126,42 em outubro, o dólar americano e o euro se desvalorizaram.
Índice - O índice do BIS é acompanhado atentamente no mercado, inclusive nas negociações internacionais, onde o Brasil foi o primeiro a levantar o problema de guerra de divisas. Dependendo da base que se usa, cada um tem argumentos para defender seus interesses.
Fonte: Assessoria de Imprensa da Ocepar/Sescoop-PR
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