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Valorização do dólar injetou R$ 330 milhões em Mato Grosso

O câmbio foi um fator a mais para a estatística espetacular das exportações mato-grossenses neste primeiro trimestre de 2012


Publicado em: 25/04/2012 às 15:40hs

Valorização do dólar injetou R$ 330 milhões em Mato Grosso

Somente por meio da valorização de 8,3% da moeda norte-americana frente ao real, em relação ao mesmo período do ano passado, foi possível ‘engordar’ em mais de R$ 330,53 milhões o saldo das exportações e fazer com que o Estado deixasse para trás o peso das perdas para a confortável situação de ganho cambial.

A performance positiva foi influenciada ainda pela alta dos preços internacionais das principais commodities negociadas, assim como o incremento do volume físico embarcado.

As exportações de Mato Grosso fecharam o primeiro trimestre com alta de 41,6% no período, mais um recorde para a série histórica local. No acumulado de janeiro a março soma receita de US$ 2,83 bilhões, ante US$ 1,99 bilhão, tendo como março um mês recorde, que sozinho arrecadou, via vendas, mais de US$ 1,5 bilhão, volume inédito para qualquer mês da série histórica mato-grossense.

Como explica o economista e sócio-proprietário da PR Consultoria, em Cuiabá, Carlos Vitor Timo Ribeiro, a taxa de câmbio média no acumulado dos três primeiros meses deste ano ficou em R$ 1,79 ante R$ 1,65, conforme registrado em igual momento do ano passado. “Esse ganho de 8,3% colocou fim ao período de perdas que as exportações mato-grossenses vinham colecionando rotineiramente”. Com esta cotação, a receita com os embarques que deveriam somar R$ 4,69 bilhões, convertendo o saldo de US$ 2,83 bilhões, passou na verdade a R$ 5,02 bilhões. No ano passado, com a taxa média de R$ 1,65, o resultado após a conversão foi de R$ 3,28 bilhões. “Enquanto a receita mato-grossense com as exportações aumentou em 41,6% no período em dólar, ela cresceu em 53% em reais. A apreciação de 8,3% do dólar frente ao real é a explicação do ‘efeito estatístico’ desse resultado altamente positivo, ilustrando bem o ganho cambial”, completa.

Timo Ribeiro frisa ainda que “é importante registrar que tal resultado é a recuperação das ‘perdas cambiais’ do ano passado e representa muito para o setor exportador mato-grossense que responde por 30% do nosso Produto Interno Bruto (PIB)”.

PAUTA - Por segmento é possível enxergar o efeito da taxa câmbio sobre os negócios. Como destaca Timo Ribeiro, o complexo soja (grão, óleo e farelo), por exemplo, somou neste trimestre receita de R$ 3,76 bilhões sob uma taxa cambial de R$ 1,79, o que gera uma alta anual de 98% sobre R$ 1,89 bilhão contabilizado no ano passado, quando a cotação do dólar teve média de R$ 1,65. “O ganho neste segmento foi de 98% em reais e de 83% em dólar” (veja quadro).

Timo chama à atenção ainda para a performance do segmento, a melhor da pauta estadual em 2012. O complexo soja respondeu por quase 74% da receita do Estado, ao totalizar US$ 2,09 bilhões. Comparando com os volumes financeiros do mesmo momento do ano passado, US$ 1,14 bilhão, há alta de 84%. “No complexo soja houve ganho pela valorização do dólar frente ao real e pelo maior volume físico embarcado, fatores que compensaram a queda pontual dos preços internacionais”, completa o economista. Ele destaca que o forte aumento dos embarques físicos principalmente de soja em grão e óleo de soja de 109% e 112% respectivamente, mesmo com a queda de preços de 5,7% e 5,5% nas cotações internacionais desses produtos. “Esses resultados foram nitidamente influenciados pela demanda internacional e por contingências de mercado (estoques de passagem, entressafra, etc.) e ainda mais pelo câmbio, que mesmo defasado em relação aos anos anteriores, esteve mais atrativo quando comparado ao mesmo período do ano passado”.

RECORDE - Com a receita de US$ 2,83 bilhões gerada pelas exportações do trimestre, Mato Grosso assegurou a posição de quarto maior superávit do Brasil (mais vendeu do que comprou) deste primeiro trimestre de 2012. O saldo comercial, diferença entre a receita das exportações menos as importações, acumula US$ 2,51 bilhões – US$ 2,83 bilhões com as exportações nos últimos três meses, menos as importações em US$ 323,09, no mesmo período - superado apenas por Minas Gerais com US$ 4,97 bilhões, Rio de Janeiro, US$ 3,56 bilhões, e o Pará, US$ 2,81 bilhões.

Fonte: Diário de Cuiabá

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