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UNCTAD: Agência das Nações Unidas pede intervenção no mercado de commodities

A Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad) sugeriu nesta terça-feira (18/09) que os governos façam uma "intervenção direta" nos mercados de commodities para evitar bolhas ou colapsos de preços, que só costumam provocar mais problemas para a economia mundial


Publicado em: 19/09/2012 às 19:00hs

UNCTAD: Agência das Nações Unidas pede intervenção no mercado de commodities

Elemento chave - A Unctad voltou a apontar a especulação financeira como um elemento chave nas fortes variações de preços globais de commodities nos últimos anos. Investidores como hedge funds e negociações aceleradas (high-frequency) seriam responsáveis, na visão da agência, por uma persistente oscilação nos preços, daí a necessidade de os governos agirem para impor mais transparência e controle nos mercados.

Transações - A Unctad estima que o volume de transações nos mercados futuros já é entre 20 e 30 vezes maior do que a produção física de petróleo, trigo, açúcar, oleaginosas e até gado vivo, e seu alerta ocorre num cenário de expectativas sobre o impacto nas commodities das recentes medidas de afrouxamento monetário do Fed, o banco central dos Estados Unidos.

Estudo - Estudo do banco francês BNP Paribas mostra que com o "QE1", o primeiro programa do Fed para conferir liquidez adicional nos mercados, o CRB Food Index registrou alta de 20%, o CRB Metal Index subiu 80% e os preços do petróleo Brent subiram 61%, enquanto o dólar recuou 7% em relação a uma cesta de moedas. Durante o "QE2", o impacto foi menor, mas indiscutível: os preços dos alimentos subiram 16%, os de petróleo saltaram 29% e o dólar recuou 3%.

Chicago - Com o anúncio do "QE3", na semana passada, os grãos (soja, milho e trigo), por exemplo, logo subiram na bolsa de Chicago, mas realizações de lucros influenciaram quedas superiores a 4% só na segunda-feira (17/09).

Debates - Esse forte movimento de diversas commodities primárias, incluindo petróleo, tem esquentado os debates sobre causas e remédios. A crescente demanda de emergentes e frequentes choques de oferta são geralmente aceitos como os fatores mais importantes para explicar a vulnerabilidade, mais do que as centenas de bilhões de dólares em apostas em uma certa tendência de preços.

 Correlação  - Mas estudo da Unctad avalia que os mercados financeiros estão guiando os preços das commodities mais do que questões ligadas à produção física. "A correlação entre preços de commodities e especulação financeira está se tornando mais forte que em 2009", diz o economista-chefe da Unctad, Heiner Flassbeck.

 Estimativa  - Em 2011, a Unctad estimou que a especulação representava ao menos 20% do preço petróleo. Agora, propõe aos governos que adotem um preço-limite para a principal commodity global, da mesma forma que alguns bancos centrais estabelecem limites para a valorização de suas moedas, como a Suíça atualmente. Para produtos como açúcar e soja, a situação é outra, mas a agência também prega algum tipo de controle.

 Intervenção  - A agência sugere que a intervenção nos mercados poderia ser feita por meio de um fundo global de commodities ou dos bancos centrais. Mas sabe que isso está longe de se concretizar. O objetivo de Flassbeck nesta terça-feira (18/09) foi, mais uma vez, alertar contra o que ele considera uma "visão equivocada" dominante na cena internacional sobre as reais causas da enorme volatilidade de preços.

Fonte: ASSESSORIA DE IMPRENSA DA OCEPAR/SESCOOP-PR

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