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Títulos do agro pagam mais que renda fixa

Papéis são isentos de IR, mas exigem investimento elevado


Publicado em: 14/01/2013 às 20:40hs

Títulos do agro pagam mais que renda fixa

A nova realidade da economia brasileira marcada por taxas de juros menores exigirá um comportamento mais arrojado do investidor que quiser lucrar, e não apenas proteger seu patrimônio financeiro da [crescente] inflação. Em 2013, diz Alexsandra Braga, presidente do Comitê de Educação de Investidores da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), conseguir retornos maiores exigirá mais planejamento, mais diversificação e disposição de assumir mais riscos.

Diante deste novo cenário, se você está procurando uma nova opção de investimento para o ano que começa, os títulos do agronegócio podem ser uma boa alternativa, afirmam especialistas. Lançados em 2004 pelo governo federal, estes papéis, segundo explica o consultor Lucas Radd da WG Finanças Pessoais, são títulos de renda fixa lastreados em empréstimos agrícolas e ativos do agro, como a produção de alguma commodity.

Os recursos investidos nestes títulos contribuem para financiar o principal setor da economia aproximando o agro do mercado de capitais. Entre os principais papéis, destacam-se o Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) e a Letra de Crédito do Agronegócio (LCA). De modo simplificado, as LCAs são emitidas por bancos e os CRAs por empresas de securitização.

De acordo com Rodrigo Bahia, da securitizadora Agrosec, os contínuos cortes nas taxas de juros deram mais atratividade aos títulos do agronegócio pelo fato dos rendimentos serem isentos da cobrança de Imposto de Renda (IR) para pessoa física. “A demanda por estes papéis cresceu de maneira significativa.”

Números da Cetip, integradora do mercado financeiro que opera significativo volume desses negócios, revelam que de 2011 para 2012, o montante de títulos de LCA registrados em sua plataforma saltou de R$ 19 bilhões para R$ 22 bi e o volume de CRA aumentou de R$ 345 milhões para R$ 370 mi.

Além da isenção de IR, outra vantagem destes papéis – com base no histórico dos últimos anos – é a rentabilidade acima da média sobre outros produtos do mercado de renda fixa. No último ano, pontua Radd, os títulos do agronegócio renderam um pouco mais que 100% do CDI. “Considerando um CDI médio de 7,7% ao longo do ano, podemos falar de rendimentos de até 8,4% líquidos, o que supera em muito o tradicional CDB”, ressalta. A poupança, sem descontar a inflação, rendeu 6,6% em 2012.

No entanto, Fábio Zenaro, gerente executivo de novos negócios da Cetip, ressalva que o investimento nestes papéis não é recomendável para qualquer perfil de investidor. “O que acontece é que como há mais demanda do que oferta destes títulos, eles têm boa valorização, e o recurso para adquiri-los acaba sendo elevado.” Segundo esclarece Radd, enquanto a LCA requer um valor mínimo entre R$ 60 a R$ 80 mil, a maioria dos CRAs exige aportes acima de R$ 300 mil.

Para quem quiser investir nos títulos do agronegócio, Zenaro indica dois caminhos. “No caso da LCA, fale com o gerente da sua própria agência mesmo. Já para CRAs, procure as corretoras.” Quanto aos riscos, os especialistas dizem que ao adquirir uma LCA, por exemplo, o investidor está comprando o “risco da instituição financeira”. Todavia, pondera Radd, “mesmo que eventualmente os credores que tomaram os empréstimos venham a dar o calote, ainda é possível que a instituição decida honrar o investimento para preservar seu nome”.

Sou Agro

Fonte: Títulos do agro pagam mais que renda fixa

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