Publicado em: 18/01/2012 às 11:40hs
Enquanto os preços dos grãos seguem uma linha de estabilidade, com leve perda prevista para a soja, as culturas perenes devem puxar o crescimento, destacando-se o café, com acréscimo de 19,1% ao lucro.
Responsável pela publicação das estimativas, a RC Consultores utilizou dados da Fundação Getulio Vargas (FGV) e do Instituto Brasileiro de Geografia & Estatística (IBGE). A consultoria considera "modesto" o aumento calculado para a receita bruta do setor.
"Os preços de diversos produtos agrícolas terão queda no mercado internacional e subirão no doméstico, por efeito do câmbio", analisou o economista Fábio Silveira, sócio da RC Consultores. "A maior parte das receitas não vai ser auferida em grãos. O que vai fazer a diferença em 2012 é o aumento das culturas permanentes", acrescentou.
Os principais grãos, com exceção do café, devem ser produzidos a um volume de 162,4 milhões de toneladas, com faturamento de R$ 110,6 bilhões - oscilações de 0,4% e -0,1%, respectivamente, sobre 2011. Na análise de Silveira, "a produção de grãos vai ser diferente do ano passado", quando houve crescimento expressivo tanto em produção quanto em receita.
Já o lucro das lavouras perenes, que incluem os cafezais, pode chegar a R$ 97,8 bilhões em 2012 - 10,3% a mais do que no ano anterior -, de acordo com o levantamento. "Este é o ano da safra gorda do café, que terá participação decisiva na receita das lavouras", afirmou o economista.
Os cafezais brasileiros, que em 2011 produziram 5,3 milhões de toneladas do grão e faturaram R$ 34,9 bilhões, neste ano devem render 6,1 milhões de toneladas de café e uma receita bruta de R$ 41,6 bilhões. De modo que o preço médio aumente 3,5%: de R$ 6.584 para R$ 6.819 por tonelada.
Outro produto citado pelo economista é a cana-de-açúcar, que ao lado do café, segundo ele, é o destaque da produção de 2012. Estima-se que a produção da cana saltará de 635 milhões para 660 milhões de toneladas, com aumento na receita da cultura de R$ 35,2 bilhões para R$ 38 bilhões, donde o preço médio subiria 3,8%, para R$ 57,5 por tonelada.
O produto que possivelmente ficará mais caro, entre todos, é o arroz, cujo valor pode subir 15,8%: de R$ 585 para R$ 677 por tonelada. "O preço médio do arroz sobe em função da forte contração da oferta. E, entre os produtos, é o menos influenciado pelo mercado internacional", observou Silveira.
"Como a seca [na Região Sul do Brasil] se prolongou, pode ser que haja uma redução da safra de arroz", ponderou.
Adversidades climáticas
A seca no Sul e o excesso de chuvas em regiões do Sudeste e do Centro-oeste não foram fatores ponderados na elaboração das estimativas, segundo o economista. Portanto, revisões poderão ser feitas sobre o resultado, se houver persistência das intempéries do clima, segundo Silveira.
"Houve aumento no uso de área e de fertilizantes no último ano", analisou a economista Adriana Ferreira Silva, da área de Macroeconomia do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), "mas a seca no Sul vai provocar um recuo no resultado final".
Vale lembrar que, na semana passada, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) revisou para baixo a previsão de resultado para a safra atual de grãos. Agora estimada em 158,45 milhões de toneladas, representa queda de 2,8% na comparação com a safra anterior (2010/11), que havia sido de 162,96 milhões de toneladas.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) deve divulgar hoje as previsões oficiais acerca da renda agrícola em 2012. Ao colunista Mauro Zafalon, do portal UOL, uma fonte técnica do órgão havia dado, em novembro do ano passado, um número próximo, embora menor, da estimativa feita pela RC Consultores: R$ 214,2 bilhões, considerando o Valor Básico da Produção brasileira.
Fonte: DCI - Diário do Comércio & Indústria
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