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Reajuste do mínimo pressiona a pecuária

Na pecuária, os custos com a mão de obra são alavancados no início do ano


Publicado em: 25/01/2013 às 17:10hs

Reajuste do mínimo pressiona a pecuária

O reajuste de 9% no salário mínimo, que desde 1º de janeiro passou a valer R$ 678, está impactando os custos da pecuária de corte e de leite. De acordo com levantamento da Scot Consultoria, o aumento salarial, aliado à alta registrada nos preços dos insumos, fez com que o custo de produção da atividade iniciasse o ano em alta. O reajuste acontece em um período de estabilidade no mercado de leite e com tendência de queda na cotação do boi gordo.

Segundo o Índice Scot de Custo de Produção da Pecuária de Corte, em janeiro, na comparação com dezembro, para os sistemas de produção de baixa e de alta tecnologia, os custos subiram 3,4% e 1,3%, respectivamente. No Índice Scot de Custo de Produção da Pecuária Leiteira, a alta foi de 1,4%.

De acordo com o zootecnista e analista da Scot Consultoria Gustavo Aguiar, a maior variação positiva, que impacta tanto na pecuária de leite como na de corte, foi registrada no salário mínimo.

"A mão de obra é indispensável na atividade e, geralmente, os custos são alavancados no início do ano, quando ocorre o reajuste do salário mínimo. Neste ano, a situação foi ainda mais desfavorável para o setor produtivo, já que o mercado do boi gordo permaneceu em queda durante 2012 enquanto o do leite manteve a estabilidade", avalia.

Além do salário mínimo, os itens que puxaram o custo para cima neste mês foram os suplementos minerais, combustíveis e lubrificantes. Isso promoveu a alta mais intensa do custo da pecuária de corte de baixa tecnologia, na qual a participação desses itens é maior.

Em janeiro, também foi registrada queda em alguns itens fundamentais para a atividade. No concentrado energético, que é balizado pelos preços do milho, a queda foi de 0,3% e, no concentrado protéico, cujo valor é atrelado aos preços da soja, a redução foi de 2,6%.

"Com as exportações de grãos menores em janeiro e a expectativa de uma boa produção, a pressão diminui sobre a cotação dos grãos. Ainda é cedo para estimar como ficarão os custos da pecuária ao longo deste ano, mas a tendência é de manutenção dos mesmos nos patamares atuais, sem variações muito significativas", diz.

Mercado - Em relação ao mercado, a menor disponibilidade de boi gordo em um período de fraca demanda tem contribuído para minimizar a queda de preços em Minas Gerais. De acordo com representantes do setor, a movimentação se deve, entre outros fatores, à recuperação das pastagens, o que garante ao pecuarista condições de segurar os animais no pasto à espera de preços mais valorizados.

A queda na oferta tem contribuído para minimizar o impacto causado pela redução do consumo registrada em janeiro, o que acontece por causa do período de férias. Os dados da Scot Consultoria mostram que, em 15 de janeiro, a arroba do boi gordo no Sul de Minas Gerais estava cotada a R$ 92,50, valor 0,5% inferior aos preços registrados no início do mês. Na região de Belo Horizonte, o volume era negociado a R$ 91 por arroba, preço 2,1% menor.

Cenário diferenciado foi observado no Norte do Estado, onde a arroba valorizou 5,2% na primeira quinzena do mês. De acordo com o zootecnista e analista da Scot Consultoria Douglas Coelho, a valorização se deve à baixa oferta de boi gordo.

"No Norte de Minas Gerais, devido ao menor volume de chuvas, a recuperação das pastagens é mais lenta, o que limita a oferta de boi gordo disponibilizado para o mercado", ressalta Coelho.

A menor oferta de animais para abate também está ligada ao maior volume exportado. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) e a análise da Scot Consultoria, as exportações de carne bovina de Minas Gerais, considerando in natura e industrializada, somaram 6,32 mil toneladas equivalente carcaça (TEC) em dezembro de 2012.

Apesar do volume representar uma queda de 22,2% em relação a novembro, quando os embarques foram de 7,92 mil TEC, na comparação com o mesmo período do ano anterior, houve aumento de 69,6%. Naquele mês, o Estado exportou 3,72 mil TEC do produto.

No acumulado do ano os embarques totalizaram 85,03 mil TEC, 22,2% mais que as 69,61 mil TEC de 2011. O faturamento foi de US$ 23,52 milhões em dezembro, 17,9% menos que novembro e 59,6% mais que dezembro de 2011. A receita total em 2012 foi de US$ 319,02 milhões, 13,3% mais que os US$ 281,47 milhões registrados em 2011.

Fonte: Diário do Comércio

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