Brasil

PIB do agronegócio cai 1,6% no 1º semestre

O setor apresentou retração em todos os seis primeiros meses do ano


Publicado em: 25/09/2012 às 15:20hs

PIB do agronegócio cai 1,6% no 1º semestre

Considerando-se o agronegócio como um todo, no primeiro semestre, os segmentos industrial e de distribuição foram os principais responsáveis pelo resultado negativo, com quedas de 3,95% e 1,49%, respectivamente.

O Produto Interno Bruto do agronegócio (PIB) acumulou uma retração de 1,55% no primeiro semestre de 2012. A estimativa foi divulgada ontem (24) pela Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq).

De acordo com o levantamento, o setor apresentou retração em todos os seis primeiros meses do ano. Em junho, a produção encolheu 0,22%, em termos anualizados, ante uma redução de 0,40% em maio. O indicador leva em conta o desempenho de toda a cadeia ligada à produção agropecuária, inclusive os segmentos de insumos ("antes da porteira"), distribuição e processamento industrial ("depois da porteira").

Considerando-se o agronegócio como um todo, no primeiro semestre, os segmentos industrial e de distribuição foram os principais responsáveis pelo resultado negativo, com quedas de 3,95% e 1,49%, respectivamente. O resultado da indústria foi comprometido principalmente pelo desempenho da produção de calçados (-4,65%), vestuário (-6,55%), açúcar (-7,01%), têxteis (-10,53%) e etanol (-19,31%).

"Desde o ano passado, a indústria ligada ao setor vem perdendo competitividade em relação aos produtos importados, e essa é a principal explicação para a queda", afirma Adriana Ferreira Silva, pesquisadora do Cepea. Ela chamou ainda atenção para a retração da produção sucroalcooleira, decorrente da menor produtividade das lavouras e da menor demanda por etanol hidratado nos postos.

Já a produção primária ("dentro da porteira") ficou praticamente estagnada no primeiro semestre (+0,02%). A atividade agrícola amargou uma queda acumulada de 2,18%, apesar da alta de 0,52% em junho - a primeira desde novembro de 2011.

O movimento reflete em grande parte a quebra da produção em culturas como soja, algodão, cana-de-açúcar e trigo, além da baixa nos preços de produtos como o café e a laranja - ao contrário das metodologias convencionais para cálculo de PIB, nas quais os preços são constantes, o Cepea leva em conta a variação dos preços reais em sua análise.

Em compensação, a produção pecuária acumulou crescimento de 3,03% no primeiro semestre, anulando a retração da atividade agrícola. Segundo o levantamento, a suinocultura e a bovinocultura de corte recuaram 2,2% e 5,31%, respectivamente, pressionados principalmente pela queda dos preços. Em contrapartida, a atividade avícola experimentou um crescimento de quase 15%, acompanhada pelo segmento leiteiro, com alta de 3,28%.

Apesar do fraco desempenho do PIB do agronegócio, a receita dos produtores agrícolas e pecuaristas deve crescer em 2012. De acordo com CNA e Cepea, o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) deve chegar a R$ 351,88 bilhões no ano, um aumento de 7,9% sobre o faturamento de R$ 326,26 bilhões registrado em 2011.

Segundo o levantamento, a receita da agricultura deverá somar R$ 216,91 bilhões, uma elevação de 8,9% sobre o resultado de 2011 (R$ 199,2 bilhões). Já o faturamento da produção pecuária deve crescer 6,2%, de R$ 127,05 bilhões para R$ 134,97 bilhões. O aumento é explicado, em grande parte, pela alta dos preços - que mais do que compensou a queda na produção de várias commodities. É o caso da soja, principal fonte de receita no campo brasileiro.

Apesar da queda de 11,9% no volume produzido, para 66,38 milhões de toneladas, o valor bruto da produção de soja deve fechar o ano com crescimento de 19,4%, em R$ 67,04 bilhões. Já a receita da cana-de-açúcar deverá crescer 20,9%, a R$ 39,05 bilhões, apesar da queda de 8,1% na colheita, para 657,18 milhões de toneladas.

Por outro lado, o valor bruto da produção de carne bovina deverá cair 5,4%, para R$ 54,72 bilhões, apesar de um ligeiro aumento na produção. Da mesma maneira, a receita da suinocultura deve desabar 9,2%, para R$ 9,47 bilhões. Já o faturamento da produção de frango deverá fechar com ano com crescimento de 33,5%, em torno de R$ 37,5 bilhões.

Fonte: Avisite

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