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Perdas da safra frearão crescimento do PIB

Ela tem uma participação de 9,9% no Valor Adicionado Bruto (VAP) do Rio Grande do Sul, mas possui influência suficiente para impactar os demais ramos da economia local


Publicado em: 16/01/2012 às 14:30hs

Perdas da safra frearão crescimento do PIB

Mesmo que ainda seja cedo para mensurar os estragos causados pela falta de chuvas em solo gaúcho, o economista da Fundação de Economia e Estatística (FEE) Martinho Lazzari afirma que dificilmente a variação positiva de 5,7% no Produto Interno Bruto (PIB) estadual em 2011 será superada neste ano. A agropecuária e a consequente dependência do Estado com o setor são temas principais da edição de janeiro da Carta de Conjuntura da instituição.

O economista avalia que fevereiro se mostrará decisivo para esclarecer as consequências da seca, pois é um mês importante na colheita da soja. De acordo com o especialista, as perdas da atual safra frearão o desempenho econômico gaúcho em 2012. Após dois anos consecutivos de resultados superiores aos obtidos pelo Brasil, o PIB local deve ficar abaixo da média nacional. "Isso não quer dizer que o desempenho será negativo. Ainda não é possível prever o tamanho do estrago causado pela estiagem no PIB, pois há outros setores em jogo. Mas a gente vai crescer menos do que poderia crescer e, provavelmente, menos que o Brasil", diz Lazzari, autor do artigo sobre o tema.O texto ratifica com números a velha lógica de que o setor primário dita os rumos da economia sul-rio-grandense. Em dez dos últimos 11 anos, as oscilações do PIB acompanharam o ritmo do segmento. Em 2001, 2003, 2006, 2007, 2010 e 2011, quando houve expansão na produção agropecuária, a soma das riquezas do Rio Grande do Sul se constituiu superior à brasileira. A exceção foi 2009, que teve incremento de 2,9% no ramo e PIB negativo de 0,4%, 0,1 ponto percentual a menos que o País. Nesse caso, o cenário é creditado à crise financeira internacional. Em 2002, 2004, 2005 e 2008, temporadas marcadas pela involução na área, o PIB foi inferior ao brasileiro.

"O peso total desse sistema econômico pode chegar a quase um terço do PIB. Ao impactar, diretamente e indiretamente, parcela tão significativa do PIB, o desempenho da agropecuária torna-se decisivo na explicação da evolução da economia do Estado", justifica trecho da publicação.

Paralelamente, no período analisado, a participação gaúcha no PIB nacional caiu de 7,1% para 6,7%. A volatilidade do segmento primário desempenhou um papel crucial nessa redução.

Lazzari aponta que, pelo menos no curto prazo, a dependência da agropecuária tende a continuar forte. No entanto, indica que há a necessidade de se buscar formas de atenuar os reflexos das oscilações da atividade. "Embora tenhamos estiagem, a agricultura e a pecuária são culturas tradicionais e geralmente vão bem. Mas precisamos fazer algo, temos que pelo menos demonstrar algum avanço.

Fonte: Jornal do Comércio

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