Brasil

Ocesc: Volta da inflação preocupa setor produtivo

As classes produtoras estão preocupadas com a ameaça de retomada do processo inflacionário


Publicado em: 17/01/2013 às 12:20hs

Ocesc: Volta da inflação preocupa setor produtivo

O presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc), Marcos Antônio Zordan, lembra que, apesar das reiteradas garantias do Banco Central de que o compromisso com o sistema de metas inflacionárias está mantido, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) está há três anos distante dos 4,5% definidos como objetivo a ser perseguido pelo BC.

“É perigoso brincar com a inflação”, observa o dirigente. O governo dá mostras de acreditar que um pouco mais de inflação pode ajudar a economia a ganhar fôlego, mas, esse comportamento já custou caro ao setor produtivo. O cooperativista lembra que em 2012 a inflação no Brasil foi de 5,84% (IPCA) para uma meta estipulada pelo governo brasileiro de 4,5%. “Aproximamo-nos das taxas de inflação altas, aquelas que ficam acima de 6% ao ano”.

Zordan menciona, preocupado, a pesquisa realizada pela Consultoria Economática, segundo a qual as 221 maiores companhias com ações negociadas em bolsa de valores detêm R$ 240 bilhões em caixa, mas relutam em investir em empreendimentos produtivos em razão da onda de incerteza que varre o Brasil e o mundo. Essa estrondosa quantia é o dobro do que os R$ 105 bilhões contabilizados em 2007, ano anterior ao estouro da bolha imobiliária nos Estados Unidos, que provocou uma crise ainda longe de ser superada. Entre os empreendedores e investidores é notório o temor pelo eventual descontrole da inflação.

O panorama atual é de um período de preços internacionais em elevação. Em 2008 e 2009 havia superávits nas contas de transações correntes, superávits primários, reservas internacionais, abastecimento interno, controle das políticas monetária e fiscal, embora na primeira só houvesse o controle dos juros. À época, o impacto dos preços externos, então, pôde ser atenuado. Hoje, o quadro é outro, o que justifica o temor pelo retorno da inflação.

O presidente da Ocesc assinala que a retomada do processo inflacionário teria efeitos desastrosos para toda a economia, mas, em especial, para a agricultura. Anteriormente, um setor frágil e desprotegido, a agropecuária brasileira foi obrigada a competir nos mercados mundiais: depois de muito sofrimento, capacitação, investimentos e incorporação de tecnologia, os produtores e empresários rurais foram vitoriosos. Em lugar de subsídios, o setor primário incorporou conhecimento e pesquisa, tornando-se um dos mais competitivos do mundo.

PERDAS SAZONAIS

Zordan enfatiza que as perdas na agropecuária vão além, porque as receitas são auferidas de dois em dois meses na avicultura, de cinco em cinco meses na suinocultura e de ano em ano na lavoura, sempre com defasagens. Por outro lado, com a inflação há perda imediata do poder de compra das pessoas que, como reação, reduzem p consumo em geral e os primeiros produtos a sofrerem restrição são as carnes e os lácteos: o grande consumo desses alimentos está diretamente relacionado ao poder aquisitivo do povo.

“Não queremos viver aquele quadro de aumento geral de preços, acompanhado por um aumento na quantidade de meios de pagamento e, consequente, perda do poder aquisitivo do dinheiro”, expõe, acrescentando que outros efeitos colaterais são a diminuição dos investimentos no setor produtivo, a elevação da taxa de juros e o aumento do desemprego.

Marcos Zordan mostra que o descontrole dos gastos públicos cria ambiente para o retorno da inflação, ao lado de déficits nas transações correntes, redução drástica do superávit primário e demanda interna crescendo mais do que o PIB.

Fonte: MB Comunicação

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