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Mercado projeta juro de um dígito até 2021, fato inédito

Sem aceno sobre um piso para a taxa Selic, os juros futuros continuam testando patamares cada vez mais baixos


Publicado em: 09/05/2012 às 10:10hs

Mercado projeta juro de um dígito até 2021, fato inédito

As taxas futuras encerraram a segunda-feira sugerindo Selic abaixo de 8% em agosto de 2012. Os dois principais vetores de baixa continuam os mesmos. A mudança da comunicação oficial do Banco Central (BC) que não mais pretende levar a Selic para patamares ligeiramente superiores aos mínimos históricos. E a alteração na regra de remuneração da caderneta de poupança, que impunha um "piso" à redução da taxa básica.
 
Redução - A redução dos prêmios de risco não é exclusividade dos contratos de curto prazo, que são mais atrelados à condução da política monetária. Os vencimentos longos também passam por acentuado movimento de baixa. De fato, todos os vencimentos da curva futura até 2021 projetam taxa de juros abaixo de 10%, fato nunca antes vistos na história desse país.
 
Poupança - Segundo o economista-chefe da gestora de investimentos Western Asset, Adauto Lima, além do aceno do BC e da mudança da poupança, outros fatores contribuem para tal comportamento do mercado. O vetor externo voltou a pesar favoravelmente ao afrouxamento monetário. A percepção de retomada nas economias desenvolvidas perdeu força. Nos Estados Unidos, por exemplo, os indicadores de atividade e emprego mostram menos fôlego. Na Europa, além do fraco ambiente econômico, o quadro político torna a centrar atenções após as eleições na França e na Grécia.
 
Inflação - Por aqui, diz Lima, a inflação de curto prazo segue comportada e no lado da atividade os números são "intrigantes". Há sinais claros de economia fraca, mas só no lado da oferta. A produção industrial é sinal disso. Mas o mercado de trabalho e a renda estão bastante fortes. "E esse descompasso acontece desde meados do ano passado", diz.

2013 - Olhando para 2013, o economista trabalha com alta na taxa Selic em função do risco de inflação maior. "O que me preocupa é a parte de custos, principalmente a questão dos salários", diz. Fora isso, diz Lima, tem muito estímulo sendo injetado na economia com maturação prevista para os próximos trimestres. Para este ano, o economista vê Selic em 8%, ante previsão anterior de 8,5%, mas não descarta leituras menores, como 7,5%.
  
Mercado futuro
  - O Focus finalmente incorporou parte desse recente movimento do mercado futuro. A mediana sugere Selic em 8,5% no fim de 2012, em comparação à previsão anterior de 9%. Para 2013, a visão é de juro em 10%, mas o Top Five, grupo que mais acerta, trabalha com 8,75%.
 
 IPCA  - O IPCA para o ano seguiu em 5,12%. Para 2013, porém, a mediana subiu de 5,53% para 5,56%. No mercado de câmbio, o dólar comercial caiu 0,26%, para R$ 1,921 na venda. A formação de preço ficou alinhada ao cenário externo, onde o euro encontrou compradores depois de cair a US$ 1,295 no começo do dia, menor preço desde o fim de janeiro.
  
Fora do mercado
  - Segundo o economista da BGC Liquidez, Alfredo Barbutti, a melhora do tom externo no dia se soma ao fato de o BC continuar de fora do mercado de câmbio. Sem aceno do BC, que não aparece desde 27 de abril, fica a dúvida se o dólar já não atingiu o patamar desejado pelo governo. "Enquanto o BC não atuar e o cenário externo permitir, o mercado vai testar um real mais valorizado", diz Barbutti. Por ora, diz o economista, o risco para o comprado e para o vendido está melhor balanceado.

Fonte: Assessoria de Imprensa da Ocepar/Sescoop-PR

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