Publicado em: 24/07/2013 às 16:00hs
De fato, ao estabelecer uma meta de crescimento de 7,5%, substancialmente inferior à média das últimas décadas, a China dá sinais de que procura um modelo mais equilibrado de desenvolvimento e avanços em reformas críticas, o que, definitivamente, não será indolor ao resto do mundo.
Em recente estudo, o Nomura analisa as implicações de um crescimento abaixo de 6% na China para 26 países. O PIB global, neste caso, teria queda de 0,3 ponto percentual, mas com grande variação entre os países. A inflação cairia por conta do enfraquecimento da demanda e da queda dos preços das commodities, que têm um grande peso nas cestas dos índices das economias emergentes. As únicas exceções são os grandes produtores de commodities na América Latina, para os quais o efeito inflacionário da desvalorização cambial é mais relevante.
O estudo mostra que um cenário de desaceleração do crescimento e inflação em queda abre espaço para que 13 de 19 BCs cortem juros em 2014, com exceção daqueles que não têm mais espaço para isso, como Japão, EUA e Reino Unido.
São três canais de transmissão do menor crescimento chinês às economias, segundo a instituição: exportações, commodities e canal financeiro. O primeiro porque na última década as vendas para a China aumentaram exponencialmente na maioria dos países, embora há que considerar o tamanho da verdadeira exposição dos parceiros comerciais, que se relaciona ao grau de abertura das economias - em outras palavras, o tamanho de suas exportações globais e daquelas direcionadas à China na proporção de seus PIBs. Como exemplo de grande exposição ao país estão os asiáticos e europeus. De modo inverso, os EUA.
No que tange às commodities, o Nomura lembra que, em estudo recente, o FMI estimou que uma retração de 1% no crescimento chinês pode resultar em quedas de 6% para os metais básicos e para o petróleo, mas a instituição acredita que este modelo subestima os reais impactos por conta: 1) dos efeitos secundários da retração da economia sobre outros países; 2) da especulação financeira com as commodities; e 3) da própria limitação dos modelos estatísticos.
Pela via financeira, considerando a contínua abertura da conta de capital e a internacionalização gradual do renminbi, a influência da China nos mercados globais também está aumentando. Neste cenário de retração, vários efeitos negativos viriam sobre os mercados financeiros globais, incluindo a diminuição da rentabilidade dos investimentos estrangeiros diretos no país, menores investimentos chineses no exterior, uma deterioração dos balanços dos bancos globais com exposições de empréstimos na China, além do contágio do mercado financeiro via mercados acionários e de depreciação de moedas.
Fonte: Canal do Produtor
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