Brasil

Inflação no Brasil não está descontrolada, avalia Credit Suisse

Não há descontrole da inflação brasileira e o risco de ela superar o topo da meta é bem baixo, afirmou nesta terça-feira (30/07) o economista-chefe do Credit Suisse, Nilson Teixeira


Publicado em: 31/07/2013 às 18:10hs

Inflação no Brasil não está descontrolada, avalia Credit Suisse

Em evento organizado pela Câmara Americana de Comércio (Amcham), em São Paulo, Teixeira ressaltou que o aumento da inflação no Brasil desde junho do ano passado se deveu em grande parte à alta dos alimentos, em decorrência de choques de oferta. "Nossos modelos sugerem que a inflação permanecerá alta, entre 5% e 6,5%, mas não acima do topo da meta. Ela não está descontrolada", afirmou.

Desemprego - Teixeira lembrou ainda que, no mercado de trabalho, a taxa de desemprego tende a aumentar ligeiramente, com um aumento dos salários reais menor do que se viu nos  últimos anos, o que seria favorável para a inflação.

Contas externas - Com relação às contas externas, Teixeira afirmou que, atualmente, o déficit em transações correntes está em grande parte associado ao que está ocorrendo no setor de petróleo e derivados. Mas a expectativa para 2014 é de um déficit comercial menor e, consequentemente, um déficit em transações correntes voltando ao nível de 3% do PIB, ante os 3,4% do PIB neste ano.

Investimentos diretos - Teixeira disse ainda que o resultado dos investimentos externos diretos (IED) continua bastante favorável, surpreendendo para cima. "Ele não deve cair para US$ 50 bilhões, como têm falado. Para mim, um IED de US$ 65 bilhões parece razoável".

Superávit primário - Teixeira prevê ainda um superávit primário de 1,8% do PIB e déficit fiscal de quase 3% neste ano. Para ele, a dívida líquida deve continuar diminuindo de maneira bem lenta e a dívida bruta, por outro lado, deve ficar em relativa estabilidade. "O que o governo teria de fazer é buscar no médio e longo prazos redução gradual dessa dívida".

Incerteza - O aumento da incerteza doméstica eleva o risco de deterioração do cenário econômico para o Brasil em 2013 e 2014, afirmou Teixeira. "O menor crescimento do país em 2013 não está associado ao cenário global, como no ano passado, mas ao doméstico, por erros de comunicação do governo", disse o economista.

PIB - Segundo Teixeira, que iniciou o ano prevendo uma expansão de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2013, a expectativa generalizada hoje é de um crescimento de 2% neste ano, com o consumo das famílias crescendo menos do que o ano passado (alta de 1,8%) e o investimento tendo forte peso no resultado do PIB, com alta de 5% em 2013. No próximo ano, Teixeira afirmou que a expectativa é de alta de 3%.

 Momento atual  - Mas a ideia de que o país só pode crescer a um ritmo de 2% ao ano, disse o economista, está circunscrita ao momento atual. Embora avalie que o ritmo atual de expansão da formação bruta de capital fixo (FBCF) não seja suficiente para levar o crescimento potencial da economia a 5%, um incremento mais forte da formação bruta abrirá espaço para que esse crescimento fique mais próximo de 4% mais para frente. Para Teixeira, o problema hoje é o declínio disseminado da confiança, o que é negativo para a recuperação dos investimentos.

 Falta clareza fiscal  - O resultado fiscal brasileiro está longe de significar uma crise, mas é importante que o governo consiga comunicar com clareza as suas intenções nessa área, afirmou o economista-chefe do Credit Suisse. Segundo ele, é importante que o governo sinalize que vai entregar, por exemplo, um superávit primário de 1,5% do PIB, que seria suficiente para estabilizar a dívida. "[Isso tudo] de maneira clara e transparente, sem manipulações contábeis que, embora legais, são questionáveis".

Prazo - Para Teixeira, seria fundamental que o governo comunicasse, por exemplo, em que prazo as desonerações vão ser desmontadas. Isso, disse ele, traria melhora na percepção e avaliação do governo. "Essa ideia de que o governo não vai reagir às pressões é sinal negativo e eleva os riscos de o crescimento do país permanecer baixo".

Eleição presidencial - Teixeira afirmou ainda que a probabilidade de a presidente Dilma Rousseff se eleger no primeiro turno, elevada há seis meses, não existe mais. Mas os exercícios feitos pela equipe econômica do Credit Suisse sugerem que, mantida a taxa de aprovação da presidente em 32%, o cenário mais provável é que ela seja reeleita no segundo turno. Para Teixeira, a ideia de que o governo não reagirá às pressões parece equivocada. "Ele tem que reagir às pessoas. O número de ministérios é muito alto. Se diminuir para 25 ficaria mais próximo de outros países. Não trará economia expressiva, mas tem caráter simbólico".

Comunicação mal feita - O economista afirmou ainda que é difícil discordar da visão de que esse governo tem sido mais intervencionista em suas decisões. Para ele, a pouca transparência e a forma atabalhoada de comunicar as decisões, tornam algumas iniciativas negativas, como a redução da tarifa de energia elétrica. "É uma das medidas mais favoráveis que poderiam ter sido tomadas, mas a comunicação foi tão mal feita que a interpretação favorável desapareceu. O custo Brasil é alto, mas ninguém consegue lembrar que a medida foi favorável".

Fonte: ASSESSORIA DE IMPRENSA DA OCEPAR/SESCOOP-PR

◄ Leia outras notícias