Brasil

IGP deve captar alta de grãos em 2 meses, prevê FGV

Carne bovina é fator limitador da alta de preços das carnes suína e de frango


Publicado em: 17/08/2012 às 18:00hs

IGP deve captar alta de grãos em 2 meses, prevê FGV

A alta dos grãos no mercado internacional aumentou os preços para os produtores, mas ainda não chegou ao consumidor, o que deve ocorrer nos próximos dois meses, avalia o coordenador dos índices gerais de preços da Fundação Getulio Vargas (FGV), Salomão Quadros. De acordo com ele, os próximos índices gerais de preços devem captar o encarecimento do preço das carnes aviária e suína, em razão da valorização da soja e do milho, utilizados na ração animal. "Há um tremendo potencial repasse de preços. Por enquanto, o aumento nos preços dos grãos estão só com o produtor", afirmou.

Dados do Índice Geral de Preços - 10 (IGP-10), que subiu 1,59% em agosto, ante alta de 0,96% em julho, indicam que a soja em grão teve valorização de 15,62% em agosto, depois de alta de 10,17% em julho. No mesmo período, o milho em grão passou de uma alta de 0,59% para um aumento de 22,17%. As duas commodities estão com problemas de safra nos Estados Unidos, que passam por uma grave seca.

Soja e milho, juntos, contribuíram com 1,37 ponto percentual para o Índice de Preços ao Produtor (IPA), que teve alta de 2,21% em agosto, depois de avanço de 1,24% em julho.

A alta da soja chegou ao farelo da soja, que aumentou 18,36% em agosto em relação a julho, quando encareceu 13,3%. O preço das rações subiu 4,55% em agosto, ante 3,01% em julho.

Enquanto os grãos pressionaram o IPA, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) subiu 0,29% em agosto, ante 0,19% em julho. A pressão do IPC, ao contrário do IPA, não veio dos grãos, mas do tomate e da cenoura, que aumentaram 59,56% e 28,79%, respectivamente. Dentro do IPC, a carne suína caiu 0,07% em agosto, após alta de 0,60% no mês anterior. O preço do frango em pedaços recuou 0,31% em agosto, ante alta de 0,25% em julho. Já o frango inteiro, cujos preços recuaram 1,6% em julho, ficou 0,24% mais caro em agosto.

"Podemos observar que houve aumento nos grãos. No caso da soja, ela subiu de preços e o farelo, principal insumo para a fabricação de ração animal, também. Mas a ração animal subiu pouco de preços. Isso indica que o impacto ainda está por vir e vai chegar às carnes nos próximos dois meses", disse Quadros.

O economista da FGV salientou que a alta nos preços de carnes aviária e suína têm um "fator limitador", que é a carne bovina. "O Brasil tem dificuldades em exportar carne bovina para a Europa, que está em crise. Então sobra carne bovina no mercado doméstico e os preços caem. Isso pode ajudar a conter a alta nos preços das carnes de frango e suína", afirmou.

Na passagem de julho para agosto, o preço da carne bovina passou de uma queda de 0,88% para uma baixa de 0,27%. "O aumento no preço de grãos tem reduzido o impacto na carne bovina, porque são poucos os bois alimentados com ração", afirmou Quadros.

Fonte: Avisite

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