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Grãos pressionam e IGP-M deve subir 1,43%, projetam analistas

As previsões para o indicador, que será divulgado nesta quinta-feira pela Fundação Getulio Vargas (FGV), variam de 1,35% a 1,50%


Publicado em: 30/08/2012 às 18:00hs

Grãos pressionam e IGP-M deve subir 1,43%, projetam analistas

Virá de fora a principal pressão inflacionária em agosto, garantem os economistas. Diante da quebra de safra nos Estados Unidos, os grãos são apontados como a maior contribuição para a alta projetada de 1,43% no Índice Geral de Preços, Mercado (IGP-M) deste mês, de acordo com a média das estimativas de 11 instituições consultadas pelo Valor Data. As previsões para o indicador, que será divulgado nesta quinta-feira pela Fundação Getulio Vargas (FGV), variam de 1,35% a 1,50%.

O cenário traçado pelos economistas evidencia uma aceleração frente a julho, quando o IGP-M subiu 1,34%. Entretanto, se considerados os demais indicadores da família dos IGPs, a expectativa é de inversão de trajetória, já que a alta no IGP-10 deste mês foi de 1,59%, após o aumento de 1,52% no IGP-DI de julho. "O momento de maior pressão dos preços agrícolas sobre a inflação já ficou para trás", afirma Thiago Curado, da Tendências Consultoria, que estima elevação de 1,35% no IGP-M de agosto.

Pelos seus cálculos, o reajuste nos alimentos no atacado será de 5,34% no IGP-M deste mês, taxa inferior à verificada no IGP-10, que foi de 6,23%. "Os aumentos no milho e na soja não serão tão intensos no IGP-M como foram no IGP-10", afirma. Os dois produtos encabeçaram a lista das maiores altas no atacado no IGP-10, ao saltarem 22,17% e 15,62%, respectivamente.

Curado ressalta que a segunda prévia do IGP-M de agosto, divulgada na semana passada, já evidenciou uma perda de ímpeto nos produtos agropecuários, uma vez que a elevação registrada pelo indicador que mede a variação de preços dos alimentos no atacado foi de 5,43%, abaixo, portanto, dos 6,23% contabilizados pelo IGP-10. "Nas próximas semanas, devemos ver um arrefecimento no ritmo da inflação, com o aumento nos preços agrícolas sendo reduzido ao patamar de 1% em setembro."

Esse nível de reajuste, segundo o economista, deverá ser mantido até 2013, quando a nova safra de grãos elevará a oferta, permitindo uma redução de preços. Nesse intervalo, diz ele, os índices de inflação no atacado também deverão captar uma desaceleração nos preços dos produtos in natura, após a diluição dos prejuízos causados pelas chuvas, e uma aceleração nos preços das carnes, sobretudo aves e suínos, que são alimentados com ração à base de grãos.

Outro fator que colabora com a expectativa de desaceleração nos IGPs, diz Basiliki Litvac, da MCM Consultores, é a queda no preço do minério de ferro no mercado internacional, que chegou a quase 20% somente entre os dias 21 de julho e 20 de agosto. "Isso fará com que os preços industriais continuem desacelerando, mesmo com a pressão vinda dos alimentos."

Pelas suas contas, o aumento nos produtos industriais, que foi de 1,05% no IGP-M de julho e de 0,72% no IGP-10 deste mês, cederá para 0,60% no IGP-M de agosto. "O reajuste dos combustíveis nas refinarias, que influenciou os preços industriais no atacado no mês passado, terá pouco impacto neste mês, ajudando a aliviar a inflação", acrescenta a economista, que projeta alta de 1,40% para o IGP-M de agosto.

Juntos, os produtos industriais e os alimentos no atacado respondem por 60% do IGPs. Outros 30% ficam a cargo o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que mede a variação de preços no varejo. Nesse caso, a expectativa é de aceleração, com a chegada ao varejo das pressões já registradas nos alimentos no atacado.

A maior contribuição para o aumento no ritmo de elevação de preços no varejo, entretanto, destaca Fábio Romão, da LCA Consultores, não virá do grupo alimentação. "Os alimentos vão pressionar, mas não com tanta força, porque em julho já haviam subido bastante em decorrência do impacto das chuvas sobre os in natura. Agora, os efeitos dessa alta serão substituídos pelo encarecimento de carnes e derivados de milho e soja."

As maiores pressões no varejo neste mês, segundo Romão, virão dos grupos habitação, vestuário e saúde e cuidados pessoais. "Percebemos um reajuste não previsto em produtos farmacêuticos e, com o fim das promoções de roupas, a deflação de vestuário tende a diminuir."

Os outros 10% do IGP-M são compostos pelo Índice Nacional de Custo da Construção - Mercado (INCC-M), que subiu 0,32% em agosto, dentro do esperado pelos economistas.

Fonte: Avisite

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