Ainda que nos últimos 18 anos (ou seja, desde a implantação do real, em 1994) o salário mínimo pago ao trabalhador brasileiro tenha aumentado 860%, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) revela que deveria valer cerca de 320% mais que os atuais R$622,00 (exatamente R$2.617,33) para cumprir o que determina a Constituição Brasileira (salário mínimo capaz de atender às necessidades vitais básicas do trabalhador e de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social).

Mas se defasagem existe, ela não pode ser imputada, por exemplo, a frangos e ovos. Pois, nos 220 meses decorridos desde o advento da nova moeda, para um aumento de 860% do salário mínimo e considerados os preços pagos aos avicultores, o frango aumentou 317% e o ovo menos de 170%.

Em outras palavras, ao menos para esses dois produtos o poder de compra do salário mínimo aumentou sensivelmente – 130% no caso do frango; mais de 250% em se tratando do ovo. O que significa, também, que o salário mínimo atual compra 2,3 e 3,6 mais frango e ovo que o de 1994.

Ressalte-se que embora esses valores levem em conta os preços praticados ao nível do produtor, não devem ser muito diferentes quando analisados os preços ao nível do consumidor. E o próprio IBGE aponta nessa direção ao revelar que, na vigência do real, aves e ovos acumulam, para o consumidor, variação de 284% - abaixo, portanto, da evolução do IPCA que, em idêntico período, apresenta aumento de 314%; e muitíssimo abaixo da evolução do salário mínimo, reajustado em 860% nesse período.

Naturalmente, essa é mais uma contribuição para a melhoria do padrão alimentar dos brasileiros proporcionada pelo produtor avícola. Que, entretanto, se depara com uma situação perversa na outra face da moeda. Pois, para poder pagar o mesmo salário mínimo de 18 anos atrás, ele agora necessita de mais do dobro de frangos e de quase o quádruplo de ovos.