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FMI: Fundo Monetário Internacional vê risco de freada mais forte nos EUA

Os possíveis impactos negativos, disse o Fundo, podem se alastrar para outras partes do mundo


Publicado em: 04/07/2012 às 19:50hs

FMI: Fundo Monetário Internacional vê risco de freada mais forte nos EUA

O Fundo Monetário Internacional (FMI) cortou a projeção para o crescimento dos Estados Unidos nos próximos dois anos e alertou para o risco de um desempenho ainda pior, caso a crise europeia volte a se deteriorar e não seja adotada uma política fiscal menos contracionista. Os possíveis impactos negativos, disse o Fundo, podem se alastrar para outras partes do mundo.

Projeção -  O Fundo prevê que a economia americana vá crescer 2% em 2012 e 2,3% em 2013, ou 0,1 ponto percentual a menos que o projetado em abril para cada um dos anos. A expansão, porém, pode ser menor do que 1% em 2013 caso não seja desarmada uma série de cortes de gastos e aumentos de impostos que estão previstos para entrar em vigor em janeiro, num pacote conhecido como "abismo fiscal".

Impactos - "Uma contração muito forte da economia americana teria efeitos fora dos Estados Unidos", advertiu a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde. Ontem, o organismo apresentou as primeiras conclusões do chamado relatório do artigo IV, em que uma equipe de 12 técnicos do Fundo faz a revisão da situação dos Estados Unidos, após três semanas de consultas com o governo americano.

Aperto fiscal - O FMI recomenda um aperto fiscal mais moderado no próximo ano, de cerca de um ponto percentual do Produto Interno Bruto (PIB), em vez dos três pontos percentuais do PIB anunciados pelo presidente Barack Obama em seu projeto de orçamento. Também poderá ser necessária mais uma rodada de expansão monetária quantitativa, ponderou o organismo.

Recuperação morna - O FMI ainda vê a economia dos Estados Unidos crescendo de forma moderada, sem sofrer um segundo mergulho recessivo. "É uma recuperação morna", afirmou Lagarde. Parte dos analistas ficou mais pessimista com estatísticas divulgadas anteontem que indicaram a primeira contração da atividade manufatureira em quase três anos. O chefe da missão do FMI nos Estados Unidos, Gian Mario Milesi-Ferretti, pondera que esse dado isolado não é suficiente para alterar as projeções do organismo. "São divulgados três dados econômicos por dia", afirmou.

Expansão modesta - No cenário básico do FMI, a expansão econômica americana deverá seguir modesta devido aos esforços das famílias para reduzir o seu endividamento, à redução do apetite das empresas para investir e à retração na demanda externa por produtos americanos. Mas há o risco de um baque mais forte, dependendo de como o Congresso americano lidar com o "abismo fiscal" e da situação na Europa.

Contração fiscal
- Se nada for feito, a economia americana irá sofrer uma contração fiscal de cerca de US$ 4 trilhões em janeiro, quando expiram cortes de impostos a pessoas físicas de alta renda concedidos pelo ex-presidente George W. Bush, os descontos na contribuição sobre folha de pagamento e incentivos a investimentos patrocinados pelo governo Obama; e entram em vigor US$ 1,2 trilhão em cortes automáticos de gastos.

Teto da dívida - Outro fantasma fiscal no começo do ano que vem, alerta o FMI, é um eventual impasse no Congresso para ampliar o chamado teto da dívida pública, ou seja, a autorização legislativa para o Tesouro tomar empréstimos no mercado. Ao mesmo tempo em que a contração fiscal pesa na atividade econômica no curto prazo, afirma o FMI, são necessários ajustes para conter a trajetória insustentável da dívida pública no médio e longo prazo.

Socorro - Diante dos sinais de fragilidade fiscal americana, Lagarde foi questionada nesta terça-feira (03/07) se ela acha possível os Estados Unidos pedirem socorro ao FMI num dentro de cerca de uma década. "Não teríamos recursos para emprestar para os Estados Unidos", afirmou Lagarde. "Mas, claramente, essa uma questão muito hipotética e improvável."

Fonte: Assessoria de Imprensa da Ocepar/Sescoop-PR

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