Brasil

FAZENDA: Saída de Barbosa encerra sequência de divergências fiscais e monetárias

Nelson Barbosa, secretário-executivo do Ministério da Fazenda, aguarda apenas a definição de uma data para deixar o cargo. No fim de fevereiro, ele comunicou o ministro Guido Mantega que pretendia sair do governo até o mês de julho


Publicado em: 14/05/2013 às 10:30hs

FAZENDA: Saída de Barbosa encerra sequência de divergências fiscais e monetárias

Mantega levou o assunto para a presidente Dilma Rousseff, de quem Barbosa é próximo. Ela não conversou com o secretário nem deu sinais de que tentaria demovê-lo. O Palácio do Planalto e a Fazenda disseram, apenas, que não comentariam a notícia publicada pelo jornal "Folha de São Paulo" sábado (11/04). A saída de Barbosa encerra uma sequência de divergências de conteúdo e de forma entre ele, o ministro e o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, envolvendo tanto a condução da política fiscal quanto a própria gestão da política macroeconômica.

Sucessor - Não está decidido quem será o sucessor de Barbosa. Ele já vinha discutindo com Mantega um nome para substituí-lo. Se o perfil for de um funcionário para cuidar mais da máquina da Fazenda do que de temas econômicos, uma possibilidade é o atual secretário-executivo do Ministério do Turismo, Valdir Simão, para o cargo. Chegou-se a considerar a hipótese de transferir Augustin do Tesouro para esse posto, que corresponde ao de vice-ministro, ou, ainda, deslocar Márcio Holland da Secretaria de Política Econômica para a Executiva. Não havia, porém, decisão sobre nomes até ontem.

Trajetória no governo
- Barbosa entrou no governo Lula em 2003, como chefe-adjunto da assessoria econômica do Ministério do Planejamento, na gestão de Mantega. Foi assessor da presidência do BNDES quando Mantega deixou o Planejamento para assumir o banco. Está na Fazenda desde que Mantega assumiu a pasta, em 2006. Teve participação ativa na preparação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), no Minha Casa Minha Vida e em praticamente todas as medidas econômicas relevantes do governo. Foi Barbosa quem formulou e conduziu a aprovação pelo Congresso das novas regras de rendimento da caderneta de poupança, mudança considerada politicamente delicada e essencial para que o Banco Central (BC) levasse adiante a redução da taxa de juros.

ICMS - Sua última iniciativa foi a da reforma do ICMS - ele convenceu a presidente de que, embora complexo e difícil, era preciso tentar mexer na estrutura do ICMS e na do PIS-Cofins. A primeira não vingou. A segunda, ele não terá tempo para tocar.

Perda de espaço - Formulador de política econômica, Barbosa perdeu espaço no governo de Dilma Rousseff na medida que Augustin foi ampliando sua presença nas mais diversas áreas. Na semana passada, o secretário do Tesouro Nacional participava de reuniões sobre a distribuição de "slots" nos aeroportos. Mesmo quando concordava com uma medida do governo - como a de afrouxar o superávit primário para aumentar o investimento público -, Barbosa discordava da forma como isso era feito. Para ele, essas decisões deveriam ser transparentes, previamente anunciadas e exaustivamente explicadas.

Agenda de políticas - Barbosa começou o ano avaliando que tinha espaço no governo para levar adiante uma agenda de políticas que considerava importantes. A mais de um interlocutor disse que, apesar do desgaste pessoal que vinha se acumulando, teria condições durante os dois últimos anos de governo para continuar fazendo o mesmo, o que não se confirmou. Barbosa foi voto vencido no polêmico modelo de renovação das concessões do setor elétrico, discordou da baixa taxa de retorno nas rodovias e é contra o fundo com recursos do Tesouro para financiar infraestrutura, mas a favor de um sistema eficiente de garantias. Embora desenvolvimentista, ele é menos intervencionista que a média do governo.

 Convocação  - Com espaço cada vez mais reduzido na discussão dos rumos da política econômica, Barbosa foi chamado para integrar a comitiva presidencial na viagem à Argentina, no fim de abril. A convocação, inesperada e feita na última hora, foi inicialmente interpretada como um sinal de que a presidente Dilma Rousseff faria algum movimento para segurar Barbosa no governo. Não foi o caso.

 Desenvolvimento  - Discordâncias também levaram o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, a tentar exonerar o secretário executivo do Mdic, Alessandro Teixeira, num ato abortado pelo Planalto na semana passada. Pimentel teria preparado o ato de demissão de Teixeira e enviado à Casa Civil para ser encaminhado ao Diário Oficial da União, sem consultar a presidente Dilma. Informada, ela não deu aval a iniciativa. Dilma e Teixeira trabalharam juntos no governo de Olívio Dutra do Rio Grande do Sul. Barbosa volta para a Universidade Federal do Rio de Janeiro enquanto cumpre a quarentena.

Fonte: ASSESSORIA DE IMPRENSA DA OCEPAR/SESCOOP-PR

◄ Leia outras notícias