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Exportação para a argentina cai e reduz superávit brasileiro

A balança comercial brasileira amarga queda de 26,5% no superávit no período compreendido entre janeiro e maio em relação à igual período no ano passado, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC)


Publicado em: 02/07/2012 às 17:00hs

Exportação para a argentina cai e reduz superávit brasileiro

Além da redução nas exportações para países europeus diante da crise financeira enfrentada pela eurozona, tem pesado também as restrições feitas pelo governo de Cristina Kirchner a uma gama de produtos brasileiros, como calçados, têxteis e autopeças. Este material faz parte da "Perspectiva Macro" exclusiva da Agência Leia.
   
Considerando apenas as exportações para a Argentina, terceiro maior parceiro comercial do Brasil, houve queda de 10,96% no volume de produtos exportados entre os meses de janeiro e maio de 2012 em comparação com período idêntico no ano passado.
   
A Argentina já chegou a deter 13% de participação no mercado de exportação brasileiro, em 1998. De lá para cá, as reduções anuais são contínuas e a participação nas exportações brasileiras foi de 8,9% no ano passado. De janeiro a maio deste ano a participação argentina ficou em 7,7%.
   
A estimativa de Lia Valls Pereira, economista e coordenadora do Centro de Estudos do Comércio Exterior do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV), a participação anual deve ser ainda menor.
   
"Provavelmente vai fechar o ano menor, com a Argentina em crise e as restrições feitas ao Brasil deve chegar a 7%", disse Lia, em entrevista à Agência Leia.
   
José Augusto de Castro, presidente em exercício da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), também prevê recuo para menos de 7% na participação argentina nas exportações brasileiras e a queda de pelo menos 50% no superávit anual brasileiro.
  
"Um déficit não está descartado, e seria o primeiro desde o ano 2000, caso o cenário da economia externa piore", aponta Castro.
   
As perdas já contabilizadas são ainda maiores no setor de máquinas e indústrias. De acordo com dados divulgados nesta semana pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), o setor contabiliza queda de 28,8% nas exportações para a Argentina nos primeiros quatro meses do ano se comparado com mesmo intervalo em 2011.
   
A América Latina é o principal destino de maquinários brasileiros, mas a Argentina vem perdendo seu espaço. No ano passado, entre janeiro e maio, os envios para o país representavam 13,5% do volume total exportado. No mesmo período deste ano, a participação argentina recuou para 8,5% desse mercado, com US$ 425 milhões.
  
De acordo com Celso Grisi, diretor-presidente do Instituto de Pesquisa Fractal e professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (USP), a Argentina tem "relevância brutal" no mercado de exportação brasileiro, mas é preciso levar em consideração as dificuldades enfrentadas pelo país.
  
"O grande problema com relação às restrições argentinas é que o país tem problemas econômicos internos que precisam de solução, assim como nós precisamos de medidas protecionistas para nossas indústrias", afirma Grisi.
  
Rodrigo Zeidan, professor de economia da Fundação Dom Cabral, acredita que o Brasil não tem embasamento para reclamar das restrições impostas, já que o País também recorre a medidas semelhantes para proteger sua indústria. "O Brasil é muito mais protecionista que a média mundial", destaca o economista.
   
Para Castro, da AEB, a postura do governo argentino é compreensível, mas a grande preocupação para o Brasil é a perda de mercado comprador de manufaturados.
   
"De tudo o que o Brasil exportou em 2011, 71% eram commodities e 29% produtos manufaturados. Em 2011 a Argentina importou 7,97% de tudo o que o País exportou. Isso assusta o Brasil. Por isso, temos que preservar a Argentina, dando preferência para os produtos deles em caso de necessidade de importação.
   
Fernando Pimentel, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) vislumbra períodos mais positivos para as relações comerciais entre Brasil e Argentina.
  
"Sou otimista e a relação com a Argentina está melhorando cada vez mais. Dificuldades são naturais, já que são dois países com economias parecidas, então há uma pequena fricção na área do comércio exterior, mas está sendo superado. O segundo semestre será melhor que o primeiro", disse Pimentel.

Fonte: Agência Leia

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