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Exportação cresce para os EUA e cai para o Mercosul

De janeiro a agosto as exportações brasileiras para os Estados Unidos ultrapassaram as destinadas para o bloco do Mercosul, com mais de US$ 3 bilhões de diferença


Publicado em: 17/09/2012 às 09:30hs

Exportação cresce para os EUA e cai para o Mercosul

O último ano cheio em que os americanos compraram mais produtos brasileiros que os parceiros do bloco foi em 2008, última vez em que o Brasil ainda tinha superávit na balança com os Estados Unidos. Desde então o Brasil vem tendo déficits crescentes com os americanos.

Itens - De janeiro a agosto deste ano as exportações para os EUA aumentaram - petróleo, produtos de ferro e aço e etanol estão entre os itens que mais ajudaram -13,4% e as vendas para os países do Mercosul, com o efeito Argentina, caíram também 16,2%. A queda de venda aos argentinos foi de 18%.

Insuficiente - O desempenho, porém, ainda não foi suficiente para o Brasil voltar a ter superávit com os americanos, embora o déficit tenha se reduzido dos US$ 5,4 bilhões de janeiro a agosto do ano passado para US$ 2,8 bilhões nos mesmos meses deste ano. Em igual comparação, os embarques para a União Europeia tiveram queda de 7,4%, com superávit caindo de US$ 5,1 bilhões para US$ 1,1 bilhão. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento (Mdic).

Tendência - Para José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação Brasileira de Comércio Exterior (AEB), a exportação aos americanos deve manter a tendência atual e terminar o ano à frente dos embarques ao Mercosul. "O ritmo da exportação aos EUA não deve mudar muito e as dificuldades com a Argentina certamente não irão ser solucionadas logo."

Manufaturados - A fatia ainda considerável de manufaturados na pauta de exportação brasileira para os Estados Unidos ajudou a elevar os embarques aos americanos, diz Rodrigo Branco, economista da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex). "A queda da exportação brasileira de manufaturados foi menor que a dos básicos e a dos semimanufaturados. Isso também contribuiu para o melhor desempenho do comércio com os Estados Unidos."

Comportamento diferente
- De acordo com dados do Mdic, a exportação total do Brasil de manufaturados caiu, de janeiro a agosto, 1,9% em relação ao mesmo período do ano passado. Na mesma comparação os embarques de básicos e de semimanufaturados tiveram redução de 3,8% e 9,1%, respectivamente. As exportações para os americanos, porém, tiveram comportamento diferente. De janeiro a julho deste ano, a venda de manufaturados aos americanos cresceu 21,4% em relação aos sete primeiros meses do ano passado enquanto básicos tiveram alta de 13,82% e os semimanufaturados, de 7,8%.

Fatia representativa - A exportação de manufaturados dentro da pauta de exportação brasileira aos americanos tem fatia representativa, de 46%. Os Estados Unidos compram 15% do total de manufaturados embarcados pelo Brasil.

Já foi melhor - Branco lembra, porém, que esse desempenho já foi bem melhor. Em 2005, segundo levantamento da Funcex, os americanos compravam um quarto dos manufaturados exportados pelo Brasil e essa classe de produtos representava 72% das vendas brasileiras aos EUA. Mais do que isso, lembra Branco, os produtos brasileiros perderam espaço no total das importações americanas, caindo de 1,51% em 2005 para 1,27% em 2010.

 Aumento  - As exportações aos americanos atualmente estão crescendo, na verdade, muito ancoradas no petróleo, diz Castro. Com aumento de 25% na venda brasileira aos americanos até agosto, o petróleo representa um quarto da pauta de exportação aos EUA. Logo depois vêm os produtos semimanufaturados de ferro ou aço e, depois, o etanol, cujos embarques aumentaram de US$ 230,7 milhões de janeiro a agosto de 2011 para US$ 712,9 milhões no mesmo período deste ano.

 Petróleo  - Na verdade, analisa Branco, o desempenho do petróleo está muito mais ligado a uma questão política do que comercial. A exportação brasileira está relacionada à decisão americana de privilegiar as importações brasileiras e reduzir a dependência de fornecimento pelo Oriente Médio.

 Crescimento econômico  - O desempenho com os EUA, acredita, o economista Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria, está relacionada à economia americana, que deve crescer 2% neste ano. Ele lembra, porém, que o crescimento da exportação não está acompanhado por diversificação e um problema da grande representatividade do petróleo nas vendas aos EUA está na volatilidade das condições de negociação. "Uma queda de preços afeta rapidamente o valor das exportações."

Fonte: ASSESSORIA DE IMPRENSA DA OCEPAR/SESCOOP-PR

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