Publicado em: 30/07/2024 às 10:40hs
Nesta quarta-feira, 31 de julho, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil definirá a taxa Selic, a taxa básica de juros do país. No mesmo dia, o Federal Reserve (FED) dos Estados Unidos anunciará sua decisão sobre a manutenção ou alteração da taxa de juros americana. Especialistas discutem o que esperar dessas decisões e seus possíveis impactos econômicos.
Marcelo Bolzan, estrategista de investimentos e sócio da The Hill Capital, prevê que o Copom manterá a taxa Selic inalterada. “A expectativa é que a decisão não traga surpresas, já que a manutenção da taxa é amplamente aguardada pelo mercado. No entanto, o comunicado pode ser mais rigoroso. Desde a última reunião, os balanços de risco pioraram: o dólar subiu de R$ 5,30 para mais de R$ 5,60, indicando um aumento da inflação futura nos modelos do Banco Central. Além disso, o IPCA-15 mostrou pressões inflacionárias e as expectativas de inflação desancoraram, com a projeção no Boletim Focus alcançando 4,10%. Portanto, é provável que o Copom adote um tom mais severo”, afirma Bolzan.
Carlos Hotz, planejador financeiro e sócio-fundador da A7 Capital, observa que o cenário internacional melhorou desde a última reunião do Copom. Ele acredita que uma possível redução de juros pelo FED em setembro poderá influenciar as decisões do Comitê brasileiro. “Se os EUA começarem a reduzir os juros em setembro, isso pode evitar uma elevação da taxa Selic até o fim do ano. Contudo, o aumento do dólar, impulsionado por incertezas fiscais e instabilidades políticas no Brasil, continua a desancorar as expectativas. As declarações de Haddad e Lula não têm sido suficientes para acalmar o mercado, que demanda mais detalhes sobre responsabilidade fiscal”, comenta Hotz.
Hotz também considera que o FED manterá cautela em relação a futuras quedas de juros, com uma atenção especial aos dados de emprego que serão divulgados na quinta e sexta-feira, os quais poderão influenciar a política monetária americana.
Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, destaca que o Brasil precisa avançar na responsabilidade fiscal. “Com a mudança iminente na presidência do Banco Central, não acredito que Campos Neto vá reduzir a taxa Selic antes disso, especialmente com dados de inflação acima do esperado. Nos EUA, a queda de juros deve começar apenas em setembro, se os dados continuarem favoráveis. Vale lembrar que qualquer redução na taxa de juros demora a impactar a economia”, explica Cohen.
Marcus Labarthe, especialista em mercado de capitais e sócio-fundador da GT Capital, observa que os fatores externos exercem menos pressão sobre o BC atualmente, com o risco fiscal e as contas públicas dominando o cenário. “Se a pressão cambial e as contas governamentais continuarem a piorar, o BC pode optar por manter a taxa Selic em 10,5% ou até aumentá-la. O Brasil tem uma tendência a contrariar as expectativas, e o país pode surpreender com uma elevação da taxa até o final do ano”, afirma Labarthe.
Ana Paula Carvalho, planejadora financeira e sócia da AVG Capital, recomenda investimentos em papéis atrelados ao CDI, como CDB, LCA e LCI, para aplicações de até 1 ano. “Para prazos superiores a 9 meses, prefira LCA e LCI, que oferecem isenção de imposto de renda e geralmente pagam mais que os CDBs. Para títulos atrelados ao IPCA, considere opções de longo prazo, superiores a 2 anos, que oferecem proteção contra a inflação”, sugere Carvalho.
Lucas de Caumont, gestor de investimentos da Matriz Capital Asset, aconselha manter posições em NTNBs devido ao risco de uma possível alta da Selic até o final do ano. “A política monetária futura pode ser impactada pela mudança na presidência do Banco Central, o que pode levar a cortes inesperados na taxa de juros. Em caso de aumento inesperado, quem investiu em IPCA com juro real estará protegido”, explica Caumont. Ele também recomenda cautela com ativos prefixados, dada a alta volatilidade, e sugere focar em empresas dolarizadas e commodities na bolsa, como Vale e Gerdau, para mitigar o impacto do câmbio.
Essas análises e recomendações refletem o atual cenário econômico e as expectativas para as decisões de juros, que serão decisivas para os rumos da economia brasileira e americana.
Fonte: Portal do Agronegócio
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