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Dólar volta a subir frente ao real acompanhando cenário externo

Apreensão global e incertezas fiscais no Brasil impulsionam alta da moeda norte-americana


Publicado em: 23/07/2024 às 18:00hs

Dólar volta a subir frente ao real acompanhando cenário externo

Após registrar um recuo na véspera, o dólar voltou a subir em relação ao real nesta terça-feira, aproximando-se novamente da marca de R$ 5,60. A valorização do dólar reflete a aversão global ao risco, que tem penalizado moedas de países emergentes, enquanto os investidores no Brasil permanecem cautelosos quanto à política fiscal do governo.

O dólar à vista encerrou o dia cotado a R$ 5,5875 na venda, representando uma alta de 0,34%. Em julho, a moeda norte-americana acumula uma leve baixa de 0,06%.

Por volta das 17h09, o dólar à vista subia 0,31%, sendo negociado a R$ 5,5935 na venda. Na segunda-feira, o dólar havia recuado abaixo dos R$ 5,60, beneficiando-se de um cenário favorável para moedas de países emergentes como o Brasil. Porém, o cenário se inverteu nesta terça-feira, com moedas como o peso mexicano, o rand sul-africano e o peso chileno registrando as maiores perdas globais.

As preocupações com a economia chinesa, um dos maiores compradores globais de commodities, estiveram no centro deste movimento. O minério de ferro, um produto chave para as exportações brasileiras, atingiu o menor valor em três meses.

Nesse contexto, o dólar à vista alcançou a cotação máxima de R$ 5,6073 (+0,69%) às 9h37, ainda na primeira hora de negociações. No entanto, quando a moeda superou o nível técnico de R$ 5,60, surgiu um fluxo de venda de dólares por parte de exportadores, levando a um ajuste técnico.

“O dólar abriu em alta, seguindo o exterior, mas passou por um ajuste técnico com exportadores aproveitando para vender moeda. Além disso, o investidor tende a ser mais cauteloso quando a cotação atinge R$ 5,60 e não assume muitas posições compradas (esperando alta da moeda)”, explicou Fernando Bergallo, diretor da assessoria de câmbio FB Capital.

Esse movimento técnico levou o dólar a território negativo momentaneamente, atingindo a mínima de R$ 5,5588 (-0,18%) às 11h50. No entanto, ao longo da tarde, a moeda voltou a se fortalecer frente ao real, acompanhando o movimento global.

No cenário interno, sem novidades relevantes de Brasília, o mercado demonstrou cautela em relação à área fiscal, um dia após o governo divulgar o Relatório Bimestral de Receitas e Despesas. O documento confirmou a necessidade de congelar R$ 15 bilhões em verbas de ministérios para ajustar a projeção de déficit primário do governo central em 2024 para R$ 28,8 bilhões, exatamente o limite inferior da margem de tolerância da meta de déficit zero.

“Agora, ou as economias provenientes da revisão dos benefícios fiscais se mostram tão significativas quanto o governo prevê, ou a situação pode se tornar crítica”, alertou André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online, em comunicado enviado a clientes. “Um déficit primário acima de R$ 28,8 bilhões, que é o limite do novo arcabouço fiscal, poderia minar a confiança no governo e causar um novo ‘overshooting’ cambial, semelhante ao ocorrido no segundo trimestre do ano”, acrescentou.

Sensível às questões fiscais e ao cenário externo, as taxas dos Depósitos Interfinanceiros (DIs) tiveram ganhos firmes nesta terça-feira.

No exterior, por volta das 17h09, o índice do dólar, que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas, subia 0,14%, a 104,450.

Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 12 mil contratos de swap cambial tradicional em leilão, destinados à rolagem do vencimento de 2 de setembro de 2024.

Fonte: Portal do Agronegócio

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