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Dólar recua frente ao real após PIB forte sinalizar possível alta na Selic

Moeda brasileira avança apesar do fortalecimento do dólar no exterior, impulsionada por expectativas de elevação dos juros


Publicado em: 03/09/2024 às 11:39hs

Dólar recua frente ao real após PIB forte sinalizar possível alta na Selic

Nesta terça-feira, o dólar registrou uma queda em relação ao real, contrariando a tendência de alta da moeda norte-americana no mercado internacional. Esse movimento ocorreu em meio à análise dos investidores sobre o crescimento acima do esperado do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no segundo trimestre, que pode influenciar a política monetária do país.

Por volta das 9h57, o dólar à vista recuava 0,47%, sendo negociado a R$ 5,5909. Já na B3, o contrato futuro de dólar com vencimento mais próximo caía 0,59%, para R$ 5,599. Na segunda-feira, o dólar à vista encerrou o dia em baixa de 0,34%, cotado a R$ 5,6172.

O real se destacava em contraste com outras moedas emergentes, refletindo as expectativas de que o Banco Central possa adotar uma postura mais rígida em relação à taxa Selic, influenciado pelos dados econômicos robustos do PIB no segundo trimestre. Segundo o IBGE, o PIB do Brasil cresceu 1,4% em comparação ao trimestre anterior, superando as projeções de economistas consultados pela Reuters, que esperavam um aumento de 0,9%. Em relação ao ano anterior, o crescimento foi de 3,3%.

O resultado reforça a percepção de uma economia resiliente entre abril e junho, o que, de acordo com analistas, pode levar o Banco Central a intensificar suas ações contra a inflação, que tem se distanciado do centro da meta de 3% em leituras recentes.

"A ausência de fatores decisivos em outras partes do mundo permite que o mercado foque na situação local, que recebeu um impulso do resultado do PIB brasileiro. Esse dado, sendo o penúltimo antes da próxima reunião do Copom, fortalece a expectativa de um novo aumento na taxa de juros", afirmou Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank.

Na curva de juros brasileira, a taxa DI para janeiro de 2025, que reflete as expectativas de curto prazo da política monetária, estava em 11,015%, com um aumento de 4 pontos-base em relação ao ajuste anterior. Operadores estimam uma probabilidade de 56% para uma alta de 25 pontos-base na Selic na próxima reunião do Copom, com uma chance de 44% para um aumento de 50 pontos.

Um aumento na Selic tende a favorecer o real, pois eleva o diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos, tornando a moeda brasileira mais atrativa para investidores.

"Com o mercado de trabalho brasileiro mais aquecido do que o esperado e a atividade econômica superando as previsões, o Banco Central pode se sentir ainda mais pressionado a agir", apontou Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.

Enquanto isso, no exterior, o dólar se fortalecia em relação à maioria das principais moedas, impulsionado pela cautela dos investidores antes da divulgação de dados econômicos cruciais ao longo da semana, além do desempenho dos preços das commodities, como petróleo e minério de ferro.

Os investidores estão atentos aos dados de emprego nos Estados Unidos, que serão divulgados ao longo da semana, para avaliar a magnitude do afrouxamento monetário esperado pelo Federal Reserve. No mês passado, o presidente do Fed, Jerome Powell, expressou preocupações com o esfriamento do mercado de trabalho na maior economia do mundo.

O destaque da semana será o relatório de emprego de agosto, a ser divulgado na sexta-feira. Analistas consultados pela Reuters esperam que os empregadores norte-americanos tenham criado 160.000 postos de trabalho no mês passado, em comparação com os 114.000 de julho.

Os operadores já precificam totalmente um corte de juros pelo Fed em sua reunião de 17 e 18 de setembro, com 67% de chance de uma redução de 25 pontos-base e 33% de probabilidade de um corte de 50 pontos. Espera-se um afrouxamento de 100 pontos-base até o fim do ano.

Com a cautela prevalecendo até a divulgação desses dados, investidores estão relutantes em apostar em ativos de maior risco, o que tem ajudado a fortalecer o dólar nos mercados globais.

O índice do dólar, que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas, subia 0,05%, alcançando 101,710 pontos. O euro era negociado a 1,105 dólar, uma queda de 0,20% no dia.

Nos países emergentes, a queda nos preços de commodities importantes também pesava na atratividade das moedas frente ao dólar. Os contratos futuros de minério de ferro na Bolsa de Dalian registraram nesta terça-feira a maior queda diária em quase dois anos, devido a dados econômicos desanimadores da China, que obscureceram as perspectivas de demanda, o que também afetava os preços globais do petróleo.

Dessa forma, o dólar avançava contra moedas como o rand sul-africano, o peso chileno e o peso colombiano.

Fonte: Portal do Agronegócio

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