Publicado em: 27/03/2025 às 10:13hs
O dólar inicia esta quinta-feira (27) em alta, refletindo a repercussão das tarifas comerciais anunciadas pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, além da divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) americano e da prévia da inflação no Brasil.
Na última quarta-feira (26), a moeda norte-americana registrou alta de 0,42%, encerrando o dia cotada a R$ 5,7327. No mesmo período, o índice Ibovespa avançou 0,34%, atingindo 132.520 pontos.
Em mais um capítulo da disputa comercial global, Trump anunciou que aplicará tarifas de 25% sobre todos os automóveis fabricados fora dos Estados Unidos, com previsão de início em 3 de abril. Especialistas do setor automobilístico alertam que a medida pode resultar em aumento de preços e desaquecimento da produção no país.
Paralelamente, o mercado também acompanha a última leitura do PIB dos EUA, que registrou crescimento de 2,4% no quarto trimestre de 2024. O resultado ficou em linha com as projeções, embora represente uma desaceleração em relação ao trimestre anterior. De acordo com o Bureau of Economic Analysis (BEA), a queda nos investimentos e nas exportações foi parcialmente compensada por um aumento nos gastos dos consumidores.
No cenário doméstico, os investidores avaliam os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de março, considerado a prévia da inflação oficial. O índice apontou uma alta de 0,64%, abaixo da expectativa de 0,70% do mercado.
Apesar da elevação dos preços dos alimentos e combustíveis, o resultado representa uma expressiva desaceleração em relação a fevereiro, quando o IPCA-15 subiu 1,23%, a maior alta para o período desde 2016. No acumulado de 12 meses, a inflação chegou a 5,26%, acima dos 4,96% registrados no mês anterior.
As novas tarifas impostas pelos Estados Unidos continuam no centro das atenções dos investidores globais. Além das tarifas recíprocas previstas para 2 de abril, Trump afirmou que as novas taxas sobre os automóveis podem ser mais brandas do que o esperado. “Vamos torná-las muito suaves. Acho que as pessoas ficarão surpresas”, declarou o republicano.
Porém, analistas temem que as medidas protecionistas impulsionem a inflação e provoquem uma recessão nos EUA, além de impactar o crescimento econômico global. Com isso, investidores mantêm cautela, priorizando ativos considerados mais seguros, como o dólar.
Nos Estados Unidos, preocupa também a queda na confiança do consumidor. O índice do Conference Board mostrou retração pelo quarto mês consecutivo em março, superando as projeções. Economistas temem que o pessimismo do consumidor impacte diretamente o consumo e os investimentos, podendo agravar as perspectivas de desaceleração econômica.
No Brasil, o Tesouro Nacional informou que as contas do governo registraram um déficit primário de R$ 31,67 bilhões em fevereiro. Apesar do saldo negativo, o resultado representa uma melhora em relação ao mesmo período do ano passado, quando o rombo foi de R$ 61,21 bilhões (valores corrigidos pela inflação).
O Banco Central também divulgou que o déficit nas contas externas brasileiras mais que dobrou no primeiro bimestre de 2025, alcançando US$ 17,31 bilhões. Segundo o BC, a amplificação do déficit está diretamente ligada ao crescimento econômico do país, que impulsiona a demanda por importações e serviços estrangeiros.
Os próximos dias serão decisivos para os mercados, com atenção voltada às movimentações da política econômica dos Estados Unidos e aos novos indicadores econômicos brasileiros.
Com informações da agência de notícias Reuters
Fonte: Portal do Agronegócio
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