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Dólar leva prévia do IGP-M à maior alta do ano

O efeito da desvalorização cambial ganhou força sobre os preços no atacado, mostrou a segunda prévia do Índice Geral de Preços ao Mercado(IGP-M),divulgado ontem pela Fundação Getúlio Vargas (FGV)


Publicado em: 19/09/2013 às 10:20hs

Dólar leva prévia do IGP-M à maior alta do ano

O índice fechou a segunda quinzena do mês com alta de 1,36%, após registrar 0,11% em agosto. Esta é a maior alta no ano para o indicador, utilizado para o cálculo da inflação do aluguel.

Os dados reforçam as projeções de forte alta inflacionária em setembro, estimada em 1,33% pela consultoria Tendências. "A alta contundente não nos surpreende. Foi influenciada pela depreciação cambial, que em agosto atingiu o pico de R$2,45", avalia a economista Adriana Molinari. "Nos próximos meses, entretanto, não veremos variações tão expressivas como em setembro." A economista prevê uma estabilização do câmbio, com efeitos "mais amenos" sobre os preços no atacado - principal segmento afetado pela alta, em função dos insumos industriais. Ontem, o dólar já apresentou forte queda após a manutenção dos estímulos econômicos do Banco Central americano.

O câmbio afeta o item referente aos materiais e componentes para manufatura, que saíram de 0,87% na segunda prévia de agosto para 3,03% em setembro. Também sofreram impacto os indicadores de matérias-primas brutas (3,3%), como os insumos industriais, e de bens intermediários (2,19%), que constituem o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA).

Além da desvalorização cambial, também pesa sobre a inflação no atacado as incertezas sobre o volume da safra americana de Soja e a consolidação das condições econômicas na China. Em setembro, o grão subiu 10,58% e o minério de ferro, principal produto exportado ao parceiro asiático, 3,72%.

"São produtos que têm peso e influenciam outros produtos em cadeia", diz Salomão Quadros, superintendente adjunto de inflação do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre). Segundo ele, a intensidade da alta revela que o ciclo de repasse ainda não foi concluído e deve impactar no indicador de setembro.

"O efeito da Soja é passageiro, pois antecede o final da colheita e já há sinais de acomodação. O aumento no preço do minério pode se estender se o processo de recuperação da China se prolongar um pouco mais", afirmou. "Mas, de um modo geral, há uma perspectiva de desaceleração para os próximos meses, essa elevação tende a se esgotar", conclui. Nos demais indicadores,já há sinais de estabilidade ou desaceleração.

O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) variou 0,33% em setembro, repetindo a taxa de agosto. Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) teve alta de 0,20%, ante queda de 0,04% no mês anterior. "É uma aceleração com intensidade menor do que esperávamos no início do ano. A tendência é de desaceleração", conclui a economista Adriana Molinari.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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