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Dólar Inicia o Pregão em Alta, com Foco no Cenário Fiscal

Mercado segue atento ao anúncio de pacote de corte de gastos do governo federal, enquanto tensões globais e incertezas econômicas impactam os mercados


Publicado em: 21/11/2024 às 10:30hs

Dólar Inicia o Pregão em Alta, com Foco no Cenário Fiscal

O dólar iniciou o pregão desta quinta-feira (21) com valorização, após o feriado do Dia da Consciência Negra, que interrompeu as negociações no mercado financeiro brasileiro. Às 09h, a moeda norte-americana registrava alta de 0,34%, cotada a R$ 5,7872, seguindo o movimento observado na última terça-feira (19), quando o dólar fechou com avanço de 0,36%, a R$ 5,7676.

O cenário fiscal continua no centro das atenções dos investidores, à medida que o mercado aguarda o anúncio do governo federal sobre um pacote de corte de gastos. Está prevista para esta quinta-feira uma nova reunião entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para tratar das medidas fiscais. As discussões sobre o pacote foram iniciadas no final de outubro, após o segundo turno das eleições municipais, e se estenderam até a semana passada, antes do encontro do G20. Agora, o governo retoma as negociações, com a pressão crescente por um anúncio mais ágil. O mercado espera medidas que visem conter as despesas públicas e garantir a sustentabilidade das regras fiscais, com o objetivo de alcançar o déficit zero para 2024 e 2025, ou seja, equilibrar receitas e despesas.

Além da questão fiscal interna, o mercado também está atento ao cenário global. Em uma semana mais curta, devido ao feriado de quarta-feira (20), os investidores continuam acompanhando os desdobramentos das reuniões do G20, que ocorreram na terça-feira. O encontro, que reuniu líderes das principais economias globais, discutiu temas como combate à fome, mudanças climáticas e reformas em instituições de governança global, como a ONU.

Apesar das preocupações com a demora no anúncio das medidas fiscais, o mercado reage positivamente à expectativa de cortes em torno de R$ 70 bilhões. Analistas preveem que os cortes serão distribuídos entre R$ 25 bilhões e R$ 30 bilhões para 2025, com o restante destinado a 2026. A falta de clareza sobre os ministérios afetados pelos cortes tem gerado apreensão, mas o ministro Haddad afirmou, em entrevista, que o pacote está "fechado" e será divulgado em breve, com o único entrave sendo a resposta do Ministério da Defesa.

Enquanto isso, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, se comprometeu a trabalhar para aprovar as medidas ainda neste ano. O mercado também observa de perto as declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que apontou a alta das taxas de juros mais longas como reflexo da percepção de que o governo poderá não cumprir as metas fiscais.

No cenário internacional, a escalada do conflito entre Rússia e Ucrânia continua a gerar tensões, com implicações geopolíticas e impactos econômicos, como a pressão sobre os preços do petróleo. Recentemente, o presidente russo Vladimir Putin alertou para a possibilidade de uso de armas nucleares, caso o país seja alvo de um ataque com mísseis convencionais apoiado por uma potência nuclear.

Além disso, os investidores seguem atentos à gestão econômica dos Estados Unidos sob a presidência de Donald Trump, cuja abordagem pode influenciar a inflação e a política de juros da maior economia global. Na última sexta-feira, dados econômicos robustos nos EUA reacenderam o debate sobre a extensão dos cortes de juros, com muitos economistas ainda projetando uma redução de 0,25 ponto percentual na reunião do Federal Reserve de dezembro.

Na zona do euro, o foco esteve nas declarações do membro do Conselho do Banco Central Europeu (BCE), Fabio Panetta, que sugeriu uma abordagem mais prospectiva para a política monetária, dado que os choques pós-pandemia estão diminuindo e a inflação começa a se normalizar.

O mercado brasileiro, portanto, segue atento ao desenrolar do cenário fiscal interno e global, com expectativa de maior volatilidade nos próximos dias.

Fonte: Portal do Agronegócio

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