Publicado em: 10/04/2012 às 09:35hs
Mas o tema será citado apenas para marcar posição, dentro de uma agenda mais ampla que destaca, sobretudo, aspectos positivos da relação entre os dois países.
Prejuízos - Segundo uma fonte da delegação brasileira, o Brasil deixará claro que é um dos mais prejudicados pela guerra cambial, que tem como uma de suas peças mais importantes a agressiva expansão monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). As negociações sobre o assunto, porém, devem ser feitas em foruns multilaterais, como o G-20, cujos ministros das finanças se reúnem em Washington na próxima semana.
Crescimento econômico - Um alto funcionário da Casa Branca disse, em conversa com jornalistas brasileiros em Washington, que Obama deverá lembrar a presidente brasileira que "o crescimento econômico americano é uma boa coisa". Ou seja, o Brasil e o mundo estariam pior se o Fed não agisse, o que enfraqueceria ainda mais a economia americana e a demanda por exportações de outros países. Esse mesmo funcionário lembrou que a chamada guerra cambial não decorre apenas das ações dos Estados Unidos. Os americanos têm reclamado dos efeitos da política de subvalorização da moeda chinesa no sistema financeiro global. "Acho que esse será um bom tópico de conversa entre os dois governos", disse esse alto funcionário da administração Obama.
Tema recorrente - A guerra cambial tem sido um tema recorrente nas viagens internacionais de Dilma. Ela disse na Alemanha que a política expansionista do Banco Central Europeu (BCE) provoca um “tsunami monetário”. Em recente encontro dos BRICs na Índia, reforçou a tese. Um eventual pronunciamento publico de Dilma sobre o tema poderá ter repercussões mais fortes nos Estados Unidos. O Fed é formalmente independente e os presidentes americanos tradicionalmente evitam fazer comentários públicos sobre a política monetária.
Desindustrialização - O governo Dilma não espera que o Fed abra mão de estimular a economia americana, deixando de usar um dos poucos instrumentos disponíveis apenas para agradar ao Brasil. “Sei que há um custo para o Brasil em termos de desindustrialização”, afirmou ao Valor Donald Kohn, ex-vice-presidente do Fed, hoje pesquisador da Brookings Institution. “Sinto a dor do Brasil, mas também sinto a dor dos Estados Unidos.”
Posições comuns - Para o Brasil, a discussão com os americanos sobre a guerra cambial tem as suas próprias “nuances”, afirma uma fonte de Washington, pois há algumas posições comuns entre os dois países em negociações multilaterais. Como o Brasil, os Estados Unidos são um dos principais defensores do uso da política fiscal em países avançados que têm espaço orçamentário para estimular as economias, o que reduziria um pouco a sobrecarga dos instrumentos monetários.
Derrota - Os Estados Unidos defenderam essa posição em 2010 em reunião de cúpula do G-20 no Canadá, mas foram derrotados por países que defendiam mais austeridade fiscal para reconquistar a confiança dos mercados, como a Alemanha e o Canadá. Mais recentemente, nas discussões dentro do FMI e do G-20, defendeu expansão fiscal no curto prazo, com ajuste fiscal no médio e longo prazo. Boa parte das tentativas do governo Obama de usar a política fiscal para estimular a economia americana tem sido barradas pela Câmara dos Deputados, controlada pela oposição republicana.
Contribuição - Em evento recente em Washington, um funcionário do Tesouro americano disse que, para o Brasil, não interessa uma economia americana fraca. “Uma economia americana forte é, sem dúvida, uma importante contribuição para a economia global”, disse Leonardo Martinez-Diaz, responsável no Tesouro americano pelas relações com a América Latina.
Moeda chinesa - No Tesouro americano, a visão é de que Brasil e Estados Unidos têm alguns interesses em comum também no combate de uma outra faceta da guerra cambial: a sobrevalorização da moeda chinesa. Embora venha atuando contra a chamada manipulação cambial pela China no G-20, o Brasil evita críticas públicas ao país asiático, que vê como um aliado estratégico em alguns fóruns internacionais.
Fonte: Assessoria de Imprensa da Ocepar/Sescoop-PR
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