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Dilma cobra Obama por valorização de moedas de emergentes

A presidente Dilma Rousseff cobrou nesta segunda-feira (09/04) o líder americano, Barack Obama, pela valorização das moedas dos países emergentes, causada pela política monetária de países desenvolvidos


Publicado em: 11/04/2012 às 10:20hs

Dilma cobra Obama por valorização de moedas de emergentes

Para ela, os Estados Unidos têm uma responsabilidade maior em relação aos desequilíbrios cambiais globais porque o dólar é a principal moeda internacional de reserva.

Agenda positiva - Nesta segunda, Dilma reuniu-se com Obama por uma hora e meia na Casa Branca, discutindo pontos de uma agenda positiva que incluiu um novo acordo na área de aviação, parceria em energias limpas e cooperação em ciência e tecnologia. Num pronunciamento no Salão Oval, Dilma saiu do tom ameno típico desses pronunciamentos e atacou a política monetária de economias avançadas, que, segundo ela, "compromete o crescimento dos emergentes". O mundo, afirmou, está diante de uma forma de protecionismo cambial.

Políticas monetárias expansionistas - Ao lado de Obama, Dilma disse que o problema principal são os países que adotam políticas monetárias expansionistas e que não usam seu espaço fiscal para estimular a economia, apesar de superavitários. Os Estados Unidos não parecem se encaixar nessa descrição porque têm um déficit fiscal projetado em 8% do Produto Interno Bruto (PIB) para 2012. Mais tarde, numa entrevista coletiva, Dilma esclareceu que se referia também aos americanos. "A diferença é que você emite moeda", afirmou, referindo-se ao papel internacional do dólar. Para ela, isso cria uma obrigação a mais dos Estados Unidos perante ao mundo.

Tema recorrente - A guerra cambial tem sido um tema recorrente nas viagens recentes de Dilma. Ela reclamou do "tsunami monetário" na Alemanha e voltou a atacar os bancos centrais de países desenvolvidos num encontro dos Brics na Índia. Ontem, Dilma foi questionada se a China, sempre poupada por ela nessas ocasiões, não seria uma peça importante nos desequilíbrios. "Acho que é diferente, até porque a China atrelou a sua moeda ao dólar", afirmou. "A moeda chinesa varia quando o dólar varia."

Reação - Dilma prometeu reagir à valorização do real. "O governo tem tomado e continuará tomando todas as medidas necessárias para neutralizar os efeitos nocivos do afrouxamento monetário que ocorre nos países desenvolvidos", disse, em um evento com empresários no fim da tarde.

Etanol - Na sua declaração ao lado de Obama, Dilma não citou barreiras comerciais aos produtos brasileiros - apenas agradeceu Obama pela derrubada das tarifa de importação sobre o etanol. Na entrevista, Dilma indicou que conversou com o presidente Obama sobre o cancelamento da licitação do Departamento de Defesa para a compra de aviões Super Tucano da Embraer -, mas não há novas indicações de solução para a questão. "O Brasil é o único dos Brics que tem um saldo comercial negativo com os Estados Unidos", afirmou. "Não se pode colocar barreiras diante de um volume de comércio tão expressivo."

 Líder mundial  - No encerramento do encontro, Obama fez uma declaração de apenas dez minutos, metade do tempo ocupado por Dilma, afirmando que o Brasil está se tornando "um líder não apenas na região, mas também no mundo". Relatou também ter conversado com Dilma sobre "assuntos globais", como a situação no Oriente Médio.

 Temas não abordados  - Na entrevista, Dilma disse que a crise nuclear do Irã, ponto de atrito entre Brasil e os Estados Unidos no governo Lula, não foi discutida. Dilma relatou ter dito a Obama que o encontro de cúpula da América Latina em Cartagena, na Colômbia, na sexta-feira, deve ser o último sem a participação de Cuba. Na conversa, não foi discutida a pretensão brasileira de ter um assento no Conselho de Segurança da ONU - o comunicado do encontro renova o "apreço" americano a esse desejo.

 Resultados concretos  - Os resultados concretos da visita são o reconhecimento da cachaça brasileira nos Estados Unidos, o que significa que só o produto do Brasil poderá ser vendido lá como tal, e alguns acordos e parcerias, sobretudo na área de ciência e tecnologia, dentro do projeto do governo Dilma de levar 100 mil brasileiros a estudar no exterior. Foi ainda anunciada a abertura de dois novos consulados no Brasil para processar vistos, em Belo Horizonte e Porto Alegre.

Fonte: Assessoria de Imprensa da Ocepar/Sescoop-PR

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