Publicado em: 23/02/2012 às 12:20hs
“Essa conferência é sobre criação de empregos e crescimento. É isso que a fará diferente, porque vamos incorporar questões e padrões ambientais, mas o faremos em termos mais amplos, [ao falar] de como você permite que as economias cresçam”, disse o diplomata americano.
Shannon, que participou de um fórum no Departamento de Estado com empresários de mais de cem países, enfatizou que, embora a preocupação ambiental esteja no arcabouço do evento (a Rio+ 20 nasceu como um desdobramento da Eco 92), seu objetivo principal é, para os americanos, fomentar a combalida economia global.
Para o diplomata, que já respondeu pela política externa americana para as Américas, a Rio+20 pode criar um “novo espaço de negociação” entre países em desenvolvimento e desenvolvidos, em falta sobretudo depois que a Rodada Doha para liberalização do comércio global entrou em coma.
Embora tenha citado as negociações comerciais falidas, porém, ele nega que o novo fórum seja um substituto direto para elas.
“De muitas formas, a Rio+20 cria um novo espaço para esses países dialogarem, com uma óbvia preocupação com ambiente, incorporada a um diálogo mais amplo sobre como você fomenta o crescimento econômico no longo prazo e como cria empregos”, analisou.
“Sem isso, no cenário econômico que enfrentamos, a agenda ambiental falhará.”
A presidente Dilma Rousseff tem a expectativa de fazer da Rio+20 um fórum de referência, mas sua ênfase tem estado no investimento público e no combate à pobreza, prioridades de seu governo. Os dois países parecem concordar, porém, que ambiente é tema secundário.
Visita presidencial – Sobre a visita da presidente a seu colega Barack Obama em abril, Shannon afirmou que o debate deve ser dominado pelas possibilidades de investimento e comércio, e que as prioridades devem ser energia e educação.
O programa Ciência sem Fronteiras, que leva pesquisadores, universitários e pós-graduandos brasileiros a universidades dos EUA e outros países, é a menina-dos-olhos de Dilma em política externa.
Segurança energética, por outro lado, é um dos principais temas de debate nos EUA, que há anos tentam reduzir sua dependência do petróleo do Oriente Médio e acompanha os desdobramentos no Brasil com bons olhos, sobretudo a produção de etanol e o Pré-Sal.
“Acabamos de ver no acordo [de energia] com o México e na Colômbia provas de que o hemisfério Ocidental [Américas] pode ser um grande produtor de energia para o mundo”, disse. “Os principais atores regionais precisam se unir em um diálogo [sobre o tema].”
Questões políticas globais e regionais também devem estar na agenda, e o embaixador vê Irã e Síria como “temas naturais”. Ele evitou, porém, entrar em detalhes sobre uma possível nova atuação do Brasil após a rejeição de um acordo mediado com Ancara em 2010.
Disse apenas que a posição de Dilma em política externa, mais discreta, é bem-vinda, elogiou seus dois antecessores e afirmou que, a seu ver, os dois países concordam que o Irã deve levar em conta “a preocupação da comunidade internacional com seu programa nuclear”.
Teerã, que vem aumentando o ritmo do enriquecimento de urânio, matéria prima para a produção de energia atômica, mas ainda não chegou aos níveis necessários para uma bomba, afirma que sua intenção é só produzir energia, o que os EUA e potências europeias contestam.
Fonte: Folha.com
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