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Corte de Gastos Anunciado por Haddad Pode Afetar Preços da Cesta Básica

Medidas para reduzir o déficit fiscal podem pressionar a inflação e o custo de itens essenciais para as famílias de baixa renda


Publicado em: 03/12/2024 às 11:45hs

Corte de Gastos Anunciado por Haddad Pode Afetar Preços da Cesta Básica

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou uma série de medidas econômicas com o objetivo de reduzir o déficit fiscal e equilibrar as contas públicas. Entre as ações estão cortes substanciais nos gastos governamentais e ajustes tributários. Especialistas, no entanto, alertam que essas medidas podem afetar diretamente o preço dos produtos da cesta básica, impactando principalmente as famílias de menor renda.

Os cortes incluem a redução de subsídios e a reavaliação de programas sociais, o que pode influenciar a cadeia de produção e o transporte de alimentos. Gustavo Defendi, sócio-diretor da Real Cestas, empresa especializada em cestas básicas, explica que a diminuição de incentivos pode resultar em aumento de custos para os setores agrícola e industrial, que provavelmente repassarão esses custos ao consumidor final. “Itens essenciais, como arroz, feijão e óleo de soja, podem ter seus preços ajustados conforme as medidas anunciadas forem aprovadas e dependendo de sua duração”, afirma Defendi.

Outro ponto de preocupação é o impacto dos ajustes tributários sobre o setor alimentício. Mudanças nas alíquotas de impostos sobre combustíveis e energia elétrica podem elevar os custos logísticos, que representam uma parcela significativa da formação do preço dos alimentos.

Segundo dados do IBGE, a inflação recente tem afetado gravemente a cesta básica, que, em algumas regiões, já consome mais de 50% da renda das famílias de menor poder aquisitivo. Haddad, por sua vez, garantiu que as mudanças fiscais, junto à Reforma Tributária, deverão isentar grande parte da população do pagamento de Imposto de Renda e de tributos sobre produtos essenciais da cesta básica, como a carne.

No entanto, Defendi alerta que, se o governo não adotar políticas compensatórias, como subsídios diretos para alimentos ou programas de transferência de renda, os cortes podem acentuar as desigualdades sociais. "Sem essas medidas de apoio, os impactos podem ser ainda mais graves para as famílias mais vulneráveis", complementa.

O governo defende que as mudanças são necessárias para evitar o aumento da dívida pública e recuperar a confiança dos investidores. Organizações como o Dieese, no entanto, alertam para a necessidade de monitorar de perto os efeitos dessas medidas no cotidiano das famílias, especialmente em relação aos produtos essenciais.

A relação entre as novas políticas fiscais e os preços da cesta básica sublinha a importância de encontrar um equilíbrio entre o ajuste fiscal e a proteção ao consumo dos itens mais necessários à população. “O sucesso ou fracasso dessa política dependerá de como ela será percebida pela população, se como uma medida necessária para a estabilidade econômica ou como um obstáculo à manutenção do poder de compra das famílias”, conclui o especialista.

Fonte: Portal do Agronegócio

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