Publicado em: 11/09/2012 às 11:10hs
A denúncia, muito similar à apresentada recentemente por entidades avícolas brasileiras, está sendo feita por entidades espanholas. Curiosamente, porém, quem está “botando a boca no trombone” é a outra parte afetada por essas distorções. Ou seja: em vez do segmento produtor, os consumidores, aqui representados por duas organizações respeitáveis no país – a União de Consumidores da Espanha (UCE) e a Confederação Espanhola de Entidades de Donas de casa, Consumidores e Usuários (CEACCU).
Em outras palavras, lá como cá, sofrem as duas partes mais fracas da cadeia – produtores e consumidores. E, no caso espanhol, aves e ovos parecem ser os alimentos menos afetados pelas margens extravagantes, pois, os levantamentos locais demonstram que, na média, do campo ao carrinho do consumidor, o preço dos produtos agropecuários é multiplicado por quatro – ou 4,16 para ser mais exato.
Apesar, no entanto, do comportamento similar dos varejistas nos dois países, a aplicação das margens atinge produtos opostos: na Espanha, o maior adicional recai sobre o frango; no Brasil, sobre o ovo. Pelo menos é isto que se deduz a partir dos dados da entidade oficial de defesa dos consumidores paulistas, o PROCON-SP.
Segundo o órgão, na última quinta-feira, 6 de setembro, a dúzia do ovo branco foi comercializada no varejo da cidade de São Paulo por R$3,72. Como, na mesma data (e desde 29 de agosto passado), o produto saiu da granja pelo equivalente a cerca de R$1,44/dúzia (média de R$43,00 por caixa de 30 dúzias) e, no atacado, obteve média de R$49,00/caixa – o que dá pouco menos de R$1,64 por dúzia – tem-se aí, do atacado para o varejo, um diferencial de 127%; e, da granja para o varejo, de 158%.
Na mesma data, o frango registrou margem de 40% do atacado para o varejo e de 93% da granja para o varejo. No caso específico do frango, uma margem maior é justificável, pois o produto passa por todo um processamento antes de chegar ao atacado. Mesmo assim, enquanto o diferencial entre granja e atacado não chega a 38%, o do atacado para o varejo é de 40%.
Sem nenhum processamento adicional a não ser a conservação pelo frio. Tem justificativa? E no ovo, que nem mesmo é mantido sob refrigeração?
Fonte: Avisite
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