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BC: Copom mantém Selic em 7,25%

O Banco Central (BC) manteve a taxa de juros em 7,25% ao ano conforme o esperado, mas fez alterações na sua comunicação com o mercado


Publicado em: 17/01/2013 às 20:50hs

BC: Copom mantém Selic em 7,25%

O aviso, divulgado após a reunião desta quarta-feira (16/01), reconhece uma piora no balanço de riscos para a inflação no curto prazo e aponta que a recuperação da atividade doméstica foi menos intensa do que o esperado. Outra novidade foi o abandono da expressão "ainda que de forma não linear" ao se referir à convergência da inflação para o centro da meta.

Estratégia - Ainda assim, todos os membros do colegiado consideraram a manutenção da Selic "por um período de tempo suficientemente prolongado" como a estratégia mais adequada para convergência da inflação à meta de 4,5% ao ano, com tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Cenário externo - Sobre o cenário externo, a avaliação do Copom é de que a "complexidade ainda envolve o ambiente internacional".

Variáveis - De um balanço de três variáveis que influenciam a decisão, o comunicado dá a entender que a piora da inflação no curto prazo teria sido "compensada" pelo ritmo menos intenso da atividade doméstica e pela persistência das incertezas externas. Por isso a opção pela manutenção.

Esclarecimentos - A retirada do período "ainda que de forma não linear" deve abrir discussões no mercado até que a ata da reunião, que sai na próxima semana, traga mais esclarecimentos. Uma das possíveis avaliações é de que o BC estaria mais confiante no seu cenário de retomada da convergência da inflação para o centro da meta ao longo deste ano sem grandes desvios. Outra visão é que a autoridade está adotando um tom mais duro e que pode agir, de alguma forma, para garantir que essa convergência aconteça. "A partir de agora eles mostraram que querem convergir para a meta sem espaço para desvios", afirma Tatiana Pinheiro, economista do banco Santander.

Resposta insatisfatória - Para o economista-chefe do J.Safra, Carlos Kawall, o BC enviou o recado de que absorveu as variáveis novas na inflação, mas mantém a estratégia de buscar a manutenção dos juros porque a atividade ainda não responde satisfatoriamente. Juan Jensen, economista da Tendências Consultoria Integrada segue a mesma linha. "Um fator [inflação] puxa para um lado e o outro [atividade fraca] para o outro. Isso reforça o quadro de estabilidade", diz.

Aposta - A manutenção da Selic na primeira reunião do ano já era aposta da totalidade dos 31 economistas consultados pelo Valor Data na semana passada. A mesma opinião foi expressa na mediana das projeções colhidas na pesquisa Focus.

Questionamento - Mas um questionamento que segue em aberto é por quanto tempo a Selic permanecerá em 7,25%. Do elenco consultado pelo Valor Data, 24 esperam a estabilidade da Selic até dezembro. Quatro veem elevação da taxa, que pode chegar a 9% até o fim do ano, e três contam com corte para 6,25%. Já para os consultados pelo BC no Focus, a Selic fechará 2013 em 7,25% e só começará a subir em março de 2014 (7,5% ao ano) até alcançar 8,25% ao ano em julho de 2014.

Tolerância - A inflação oficial encerrou 2012 em 5,84%, dentro do intervalo de tolerância de dois pontos da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

2013 - A mediana das projeções do Focus indica a inflação oficial fechando este ano em 5,53%. A autoridade monetária reconhece em comunicado divulgado na semana passada que a inflação mostra resistência "no curto prazo", mas afirmou que, ao longo de 2013, as perspectivas apontam para a retomada da tendência declinante.

Tombini - No fim de 2012, o presidente do BC, Alexandre Tombini, apontou um conjunto de fatores que favorece, segundo ele, a convergência da inflação à meta neste ano. Entre eles, o reajuste "marcadamente menor" do salário mínimo na comparação com o do ano passado; a "moderação na dinâmica dos preços de certos ativos reais e financeiros", sendo que um desses ativos é o dólar; medidas adotadas pelo governo para reduzir os custos de produção e aumentar a competitividade, como a redução na conta de energia; o ritmo "mais alinhado" da expansão do crédito às pessoas físicas e o "ainda frágil cenário internacional".

 Alta  - Ainda no front inflacionário, cresce a expectativa com a alta no preço dos combustíveis. O reajuste vem em 2013, mas não há definição de data e percentuais.

 Política fisca l - Outra dúvida que influencia as decisões do Copom é a condução da política fiscal. Fica a expectativa sobre como o colegiado vai classificar a variável fiscal agora em 2013, vista como expansionista em suas últimas comunicações oficiais. Na sua hipótese de trabalho, o BC considera o cumprimento da "meta cheia" de superávit primário, de 3,1% do PIB, sem ajustes, para 2013.

 PIB  - Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), a mediana das projeções do Focus indica que o mercado espera crescimento de 3,20% neste ano. Para 2012, as expectativas giram em torno de 1%. O BC divulgou ontem que o nível de atividade da economia avançou 0,4% em novembro do ano passado, na comparação com o mês anterior. No acumulado dos onze meses de 2012, o IBC-Br registra expansão de 1,68%, na série sem ajustes.

Fonte: ASSESSORIA DE IMPRENSA DA OCEPAR/SESCOOP-PR

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