Publicado em: 17/01/2025 às 10:30hs
O setor do agronegócio brasileiro se manteve firme nas exportações durante 2024, apesar dos desafios climáticos que impactaram as lavouras de grãos, café e cana-de-açúcar. De acordo com dados do levantamento realizado pela DATAGRO a partir dos dados da Secex, as exportações totais do setor atingiram US$ 165,13 bilhões, uma leve retração de 1,2% em comparação com 2023. Mesmo com a queda, o valor registrado foi o segundo maior da história das exportações do agronegócio, representando 49,0% do total das exportações brasileiras no ano.
A China permaneceu como o principal destino dos produtos brasileiros, com importações somando US$ 49,7 bilhões. No entanto, o valor representou uma queda de 17,5% em relação ao ano anterior, refletindo uma redução de US$ 10,54 bilhões. A participação chinesa nas exportações brasileiras do agronegócio caiu de 36,2% para 30,2%. O principal item exportado para o mercado chinês foi a soja em grão, com vendas de US$ 31,5 bilhões, o que representou uma queda de US$ 7,4 bilhões em relação a 2023.
Em contrapartida, os Estados Unidos se destacaram como o segundo maior destino das exportações brasileiras do setor, com um aumento de 23,1% nas compras, totalizando US$ 12,1 bilhões. A participação dos EUA nas exportações do agronegócio brasileiro subiu de 5,9% para 7,4%. Os principais produtos exportados para os Estados Unidos foram café verde, celulose, carne bovina in natura e suco de laranja.
Entre os produtos do agronegócio, o algodão teve o maior crescimento em termos de receita, com um aumento de 62,4%, atingindo US$ 5,41 bilhões. Esse desempenho foi impulsionado por uma safra de 16% maior e pela promoção do produto no mercado internacional. O café também teve um excelente desempenho, com exportações atingindo um recorde de US$ 12,27 bilhões, representando um crescimento de 52,9%, apesar dos desafios logísticos enfrentados pelos produtores. Outros itens que apresentaram crescimento nas exportações foram sucos (+30,9%), papel e celulose (+27%), açúcar (+18,1%) e carnes (+11,4%).
Por outro lado, alguns produtos enfrentaram dificuldades no mercado externo. A exportação de óleo de soja registrou uma queda de 47,8%, enquanto as vendas de milho e soja caíram 40,2% e 12,5%, respectivamente. A redução na produção de soja, causada por problemas de produtividade, e a competição mais intensa com a soja argentina impactaram negativamente o desempenho. No caso do milho, a diminuição da área cultivada e a maior demanda no mercado interno também afetaram as exportações, que caíram 28,8% em volume, apesar de um aumento de 18,9% no preço médio FOB.
As importações do agronegócio, que incluem fertilizantes e defensivos, cresceram 5,5% em 2024, totalizando US$ 41,70 bilhões. No entanto, a participação do setor nas importações totais brasileiras caiu para 15,0%, o menor índice dos últimos sete anos. O saldo da balança comercial do agronegócio, que é a diferença entre exportações e importações, registrou um valor positivo de US$ 123,43 bilhões, uma queda de 3,3% em relação a 2023. Sem esse superávit, o Brasil teria registrado um déficit na balança comercial de US$ 64 bilhões.
O consumo recorde de etanol no Brasil, que evitou a importação de gasolina e gerou um valor evitado de US$ 15,36 bilhões, também contribuiu para o saldo positivo do setor, projetando uma melhora de 12,4% na balança comercial do agronegócio, alcançando US$ 138,77 bilhões.
Para 2025, o agronegócio brasileiro deve enfrentar um cenário misto. A valorização do dólar e as tensões comerciais, especialmente com os EUA, podem abrir novas oportunidades para o Brasil, especialmente em relação à demanda chinesa por grãos. No entanto, a desaceleração da economia chinesa e os impactos climáticos podem representar desafios para o desempenho do setor. O setor de café, por exemplo, poderá enfrentar dificuldades devido à seca e aos incêndios de 2024, enquanto o mercado de sucos de laranja lidará com pomares envelhecidos e doenças.
O setor logístico, fundamental para o escoamento de produtos, também segue em expansão. O Porto de Santana, no norte do país, está recebendo investimentos para fortalecer o Arco Norte como hub estratégico de exportação de grãos. O Porto de Chancay, no Peru, também está se modernizando, permitindo uma rota mais rápida e eficiente, embora ainda haja desafios logísticos, como o trajeto pelos Andes. No Brasil, o Porto de Santos continua recebendo investimentos, como o terminal T-32 e a expansão da DP World Brasil, para melhorar a capacidade de embarque de celulose e grãos. Além disso, a Cofco está investindo em um terminal para movimentar até 14 milhões de toneladas de grãos por ano, aumentando a competitividade do Brasil no mercado internacional.
Fonte: Portal do Agronegócio
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