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Balança de agosto é ajudada por preço de produto agrícola

O superávit acumulado da balança comercial do ano já mostra resultados melhores que o esperado por analistas no início de 2012, no patamar de US$ 12 bilhões até a terceira semana deste mês


Publicado em: 22/08/2012 às 20:00hs

Balança de agosto é ajudada por preço de produto agrícola

Os resultados de julho e das três primeiras semanas de agosto foram os principais responsáveis por esse aumento do saldo positivo com US$ 2,8 bilhões e US$ 2,1 bilhões respectivamente.

Especialistas consultados pelo DCI acreditam que fatores como o aumento dos preços agrícolas, devido ao choque de oferta da safra dos Estados Unidos, e efeitos da recente valorização do dólar podem ser importantes para explicar as melhoras dos resultados e esperam um superávit de fechamento do ano no patamar entre US$ 16 bilhões e US$ 19 bilhões.

Segundo relatório Focus, divulgado na última segunda-feira pelo Banco Central, o saldo comercial da balança brasileira deve fechar o ano em US$ 18 bilhões. Esse número é mantido por analistas há uma semana.

Para o professor da Fundação Instituto de Administração (FIA), Celso Grisi, "sem dúvida nenhuma, a alta do dólar acabou valorizando as nossas exportações de uma maneira mais importante, outra coisa foi a alta dos produtos agrícolas, a seca americana trouxe um grande impacto nos preços do milho, do trigo e da soja".

O especialista vai além na análise e afirma que os preços das commodities devem se manter altos nos próximos meses. "Até fevereiro os preços devem continuar convidativos", disse. Na opinião dele, "a China também deve apresentar recuperação até o final do ano com uma venda maior de minério de ferro e seremos muito beneficiados por isso".

Na opinião da professora da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Cristina Helena, o ganho resultante da alta de preços das commodities é importante mas "isso não deve mudar a tendência dos resultados do ano, o preço da soja e do milho tende a seguir altos mas a perda da economia mundial é significativa".

A paralisação de funcionários que fazem o controle alfandegário do País também foi citado como um dos motivos dos números mais positivos no ano. Para o consultor de comércio internacional, Welber Barral, o mês de agosto deve ter números distorcidos por conta da greve. "Muito provavelmente a balança está tão alta porque as importações não estão sendo registradas", completou.

O professor da Faculdade Santa Marcelina, Reinaldo Batista, minimiza os efeitos das greves, apesar de não descartá-los. "A própria greve vai agir positivamente [para os resultados da balança comercial] porque tem atrapalhado no registro das importações, isso se dilui nos outros meses, um mês pelo outro a coisa equilibra, isso é o problema, é pontual".

Para o especialista um outro fator que deve ser considerado na análise dos resultados são as recentes medidas restritivas feitas pelo governo brasileiro para a entrada de importações. "Do ponto de vista da importação, há uma restrição crescente devido às medidas do governo, de certa forma as importações foram reduzidas ou ficam adiadas, isso contribui positivamente para o superávit", completou o professor.

Nenhum dos especialistas consultados pelo DCI acredita que as medidas de incentivo a indústria, como a desoneração da folha de pagamentos anunciada pelo governo no início do ano tenham influenciado no saldo. Grisi explica que "muito embora a indústria tenha apresentado uma atividade mais forte, estamos em uma recuperação lenta, o aumento de suas exportações não é suficiente para explicar nossa balança", colocou.

Para o professor da Faculdade Anhembi Morumbi, José Meireles de Sousa, o grande problema da balança comercial do Brasil é a qualidade da matriz das exportações, já que concentramos nossas vendas externas em produtos básicos. "Temos que entender que não podemos ter uma balança sustentável quando os básicos cada vez mais ocupam um volume". Ele cita que em 2001 os produtos manufaturados representavam 56% da nossa balança comercial e que atualmente são 34% do total.

Fonte: DCI - Diário do Comércio & Indústria

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