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Alimentos engordam inflação na capital gaúcha

O aumento dos preços dos alimentos deixou Porto Alegre à frente das demais capitais em dois rankings indigestos divulgados na terça-feira


Publicado em: 05/09/2012 às 17:30hs

Alimentos engordam inflação na capital gaúcha

A cidade fechou agosto com a maior inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) e, pelo segundo mês consecutivo, com a mais cara cesta básica entre as 17 cidades analisadas.

No IPC-S, a alta verificada pela Fundação Getulio Vargas (FGV) foi de 0,64%, uma aceleração ante a taxa de 0,14% calculada em julho. Entre os cinco maiores vilões, três – preparados e congelados de aves, tomate e tangerina – são alimentos. No caso da cesta básica, o custo calculado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) para o mês passado foi de R$ 308,27, aumento de 2,77% sobre o valor desembolsado em julho.

Dos 13 itens alimentícios que compõem a lista de produtos essenciais, nove apresentaram alta. E o tomate, com elevação de 10,9%, mais uma vez despontou como o principal inimigo da economia doméstica. Com o maior peso entre os produtos, a carne subiu 1,75% e também foi uma das principais responsáveis pela inflação da cesta.

Apesar de clima e sazonalidade serem apontados como os fatores que impactaram nos preços, especialistas divergem quanto à continuidade da pressão dos alimentos nos próximos meses. Para a economista Daniela Sandy, do Dieese, a tendência é de acomodação.

— Os aumentos já foram menores em relação a julho e causados pela redução da oferta devido ao clima. Isso tende a se normalizar nos próximos meses — diz Daniela.

A grande quebra na safra de soja e milho tanto na América do Sul quanto nos EUA, no entanto, já provocou disparada nos preços dos grãos, utilizados na alimentação animal, e o aumento do custo pode ser repassado às carnes com mais facilidade até o fim do ano, quando aumenta o consumo.

— É possível uma aceleração pelo impacto das commodities agrícolas nos preços — admite Marcio Fernando Mendes da Silva, coordenador do escritório na Capital do Instituto Brasileiro de Economia da FGV.

Os alimentos, porém, podem não ser os únicos adversários do bolso. O IPC-S, que além de Porto Alegre é calculado em seis capitais, fechou agosto com aumento de 0,44%, uma aceleração de 0,10 ponto percentual frente à leitura anterior. Hoje será divulgado o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado o indicador oficial de inflação.

No mais recente Boletim Focus, divulgado segunda-feira, os analistas ouvidos pelo Banco Central (BC) elevaram pela oitava vez consecutiva a previsão do índice. A expectativa agora é encerrar 2012 com alta de 5,2%.

Para Alexandre Barbosa, economista-chefe do Sicredi, os serviços também vão pressionar ainda mais a inflação no próximo ano devido à recuperação da economia. Com isso, o IPCA de 2013 pode se aproximar de 6%, avalia. Para Barbosa, o governo exagerou na redução dos juros e incentivos ao consumo pelo corte de impostos, com reflexos nos preços.

— As medidas foram na direção correta, mas muito fortes. Estão apostando em reativar a economia e deixando de lado a inflação. O aumento de preços é ruim para quem tem menos renda e pode corroer o poder de compra um pouco mais em relação ao que vinha ocorrendo — alerta.

Fonte: Zero Hora

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