Publicado em: 11/01/2012 às 09:40hs
Nos anos 1980, o Brasil era grande produtor e exportador de algodão. No final daquela década, a produção foi arrasada pela praga do bicudo e pela abertura comercial. De exportador, o Brasil passou a importador nos anos 1990.
Baseada em novo modelo, com novas áreas, novas variedades e novos produtores, o país termina 2011 exportando cerca de US$ 1 bilhão -quase US$ 750 milhões em algodão em pluma e US$ 250 milhões em tecidos planos de algodão, malhas, fios e línter. Na ultima década, o setor trouxe US$ 3,2 bilhões.
A cadeia (englobando os setores de insumos, produção agrícola, algodoeiras, fiação, tecelagem, malharia e as esmagadoras de caroço que produzem os óleos e o biodiesel) foi responsável por um PIB de US$ 19 bilhões e movimentação financeira total de US$ 37 bilhões em 2011.
Somente em insumos, os produtores de algodão investem quase US$ 2 bilhões por ano, sendo um importante mercado para o setor de defensivos e de fertilizantes.
O faturamento dos produtores de algodão chegou próximo a US$ 6,5 bilhões na safra 2010/11. Esse valor contribuiu fortemente para o desenvolvimento do Centro-Oeste e do Nordeste do país, pois movimentou as cidades, as atividades de construção civil, comerciais e outras.
É uma cadeia responsável por uma massa salarial de US$ 787 milhões, em quase 80 mil empregos, sem contar todo o setor têxtil (confecções e outros).
Devido à elevada especialização, o salário médio pago na cultura do algodão foi de R$ 1.260, entre os maiores da agricultura brasileira. Vale ressaltar que essa parte da cadeia gera quase US$ 7,8 bilhões em tributos ao governo.
Esses dados da cadeia produtiva do algodão, com base em pesquisa concluída pelo Markestrat/USP, conferem ao Brasil as maiores produtividades mundiais e a posição de quarto maior produtor, após China, Índia e EUA.
Liderada pela Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão), a cadeia caminha rapidamente em processos de qualidade de produtos, na certificação socioambiental dos seus produtores e na conquista de mercados internacionais, sendo um dos setores mais promissores do agronegócio brasileiro.
A China consome 35% do mercado mundial de algodão, mas apenas 3% de suas compras vêm do Brasil, representando grande oportunidade. Mercados emergentes vêm descobrindo o Brasil como importante fornecedor.
Apesar desses resultados todos e das oportunidades que se abrem, é vasta a agenda de desafios do setor, tema de análise futura.
* Artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo em 07/01/12 - Caderno Mercados.
MARCOS FAVA NEVES é professor titular de planejamento e estratégia na FEA/USP Campus Ribeirão Preto e coordenador científico do Markestrat.
Fonte: CDN Comunicação Corporativa
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