Brasil

Pobre EUA! Tão longe do euro, tão perto do México

“O tempo passa, o tempo voa e os americanos já não estão mais numa boa”.


Publicado em: 11/07/2008 às 09:00hs

...

No Curso de Direito da UEM, em Maringá, tive a oportunidade de ser aluno do Prof. Luis Alberto de Araújo. Nesse período das nossas vidas, corria o ano de 1987 e pela paixão por fatos históricos levei a disciplina de Direito Internacional muito a sério.

Na época, vivíamos intensamente os valores do momento e, talvez, não dávamos importância para o passado e para o que seria o nosso futuro, já que tínhamos consciência de que jamais ficaríamos velhos e que a nossa juventude se estenderia fácil, fácil, até o século XXI.

No curso da minha vida, ainda me lembro da aula sobre o acordo econômico de Bretton Woods, nos EUA, em 1944, quando vários países concordaram com a idéia de deixar o dólar forte.

Nessa aula, aprendemos que desse acordo nasceriam com o final da Segunda Guerra instituições financeiras que dariam estabilidade à economia dos países, ou seja, o FMI e o Banco Mundial. E algo que nos acostumamos: passamos boa parte de nossas vidas ouvindo sobre essas instituições.

Aprendemos também que o acordo em questão gerou sérias conseqüências: a reafirmação do Capitalismo Liberal e que os EUA, direta ou indiretamente, passaram a ter poder econômico sobre boa parte do planeta – o dólar tornou-se moeda de referência mundial. Com isto, estiveram mandando e desmandando na economia de alguns países.

A exposição da aula não acabou com essas informações. O professor também falou das constantes interferências dos EUA na administração de determinados países e, parafraseando o mexicano Porfírio Dias, emendou: “Pobre México! Tão longe de Deus e tão perto dos Estados Unidos”. Nunca me esqueci disto.

E dali, naturalmente, concluiríamos a Faculdade de Direito, seríamos bacharéis e advogados portadores da Carteira da Ordem e esperaríamos o dia em que os EUA deixariam de ser, pela força de sua moeda, o país que todos os demais respeitariam suas determinações econômicas.

Porém, o tempo passa, o tempo voa e nos dias de hoje os EUA já não estão mais numa boa. Os preços dos imóveis estão caindo, o preço do barril do petróleo no patamar dos US$ 140,00 e o governo norte-americano gastando mais do que arrecada. Frente a esses fatores, é impossível que o consumo não seja afetado. Além do mais, estima-se em 1,5% o crescimento dos EUA para o ano de 2008.

Neste final de década, temos o Renascimento do Ciclo dos Grãos. Isto, graças a alguns fatores: o espetacular crescimento dos Hedge Funds – investimentos indexados em commodities; a ascensão da demanda por biocombustíveis; a demanda asiática que consome 45% dos grãos produzidos no mundo. Disto, 45% do Soja da América Latina e 37%, dos EUA; a desvalorização do Dólar frente ao Euro (em 26 de maio de 2008, numa proporção de 1,577 Dólar para cada Euro); o final de Fronteira Agrícola dos EUA e a expansão agrícola da América Latina e do Brasil como Centro Mundial do Biocombustível.

Hoje, as cotações das commodities agrícolas atingiram significativa valorização mensal, com os preços dos grãos subindo 14,7%, pela alta expressiva do trigo, milho e soja.

Porém, nesse cenário econômico, podemos visualizar a América Latina num expressivo crescimento do agronegócio e a transferência do valor econômico para fora dos EUA. Nestes tempos, podemos pensar: “Pobre EUA! Tão longe do Euro, tão perto do México.”


Alberto Simões Mansur é advogado pela UEM–PR, tem Qualificação Empretec pela ONU/Sebrae, colunista do site www.vendamais.com.br, Especialista em Empreendedorismo pela Universidade Norte do Paraná, de Londrina - PR; Professor de MBA, pela Universidade de Cascavel - PR, Professor de Sociologia em Cursos Pré-vestibulares e palestrante de Empreendedorismo. Contato pelo e-mail - empreender@irapida.com.br

Fonte: Alberto Simões Mansur

◄ Leia outros artigos