Nos dias 24 e 25 de junho, diversos atores envolvidos na cadeia produtiva de hortaliças orgânicas vão se reunir em um seminário, na Embrapa Hortaliças (Brasília/DF), para debater a produção orgânica de sementes, já que a permissão para o uso de sementes convencionais nesse sistema termina no próximo dezembro, de acordo com a Instrução Normativa nº 64/2008, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

O objetivo do evento é discutir a questão enquanto fator de empoderamento, autonomia e geração de renda para o agricultor. “Também vamos abordar tópicos como legislação e demandas de pesquisa para a área”, enumera a pesquisadora Mariane Vidal, que se preocupa com a inexistência de sementes suficientes para viabilizar a produção orgânica de hortaliças. Para modificar esse cenário e incentivar o agricultor a produzir sua própria semente, o seminário vai apresentar experiências bem-sucedidas de quem já aceitou o desafio. “Ouvir relatos de produtores que já iniciaram a produção orgânica de sementes é fundamental para checar os acertos, compreender os fatores limitantes e pautar a pesquisa científica de acordo com os problemas reais”, pontua.

De antemão, já se sabe que a conservação das sementes, sem o uso de insumos químicos contaminantes, fica comprometida e, por isso, a pesquisa deve investigar novos modos de assegurar a qualidade da semente ao longo do tempo. Sobre outras abordagens de pesquisa? “Isso eu espero que o seminárioaponte”, responde Mariane, ao elucidar também os ajustes que se farão necessários no manejo fitossanitário e nutricional, visto que para produção de sementes o ciclo da cultura no campo aumenta.

A triangulação entre pesquisa, extensão e agricultor é outra proposta do seminário, que prevê em sua programação momentos para construção conjunta de um arranjo local para produção orgânica de sementes. “Junto com os parceiros, vamos identificar grupos de agricultores que tenham interesse e perfil para se especializar na produção de sementes de hortaliças”, explica a pesquisadora.

Para o agrônomo Roberto Carneiro, coordenador de Agroecologia da Emater/DF, o trabalho em grupo, em cooperativas ou associações, funciona melhor em termos de planejamento e investimento. “Também vejo a conquista da autonomia como um grande benefício. O grupo produz sua própria semente, um material genético adequado para as condições de clima e solo de sua região, e ainda diminui o custo de produção, já que semente é um item caro”, analisa.

O seminário sobre produção orgânica de sementes de hortaliças conta com o apoio da Emater/DF, do Sebrae/DF e da Coordenação de Agroecologia do MAPA. O evento está alinhado ao momento político atual, já que está prevista, ainda para esse mês, a assinatura do Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica que, entre outros temas, trata a semente como elemento fundamental da agrobiodiversidade e como patrimônio genético fundamental para manutenção da diversidade vegetal.