Publicado em: 02/10/2013 às 16:00hs
A produção de orgânicos no DF ganha o primeiro selo de certificação genuinamente candango. A garantia será assegurada pelo Organismo Participativo de Avaliação da Conformidade Orgânica (OPAC) do Cerrado, associação composta por produtores associados no Sindicato dos Orgânicos do DF, em parceira com o Sebrae, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do DF (Emater) e a Secretaria de Agricultura. O lançamento oficial ocorre hoje, às 9h. A certificação local será uma das 13 existentes no Brasil liberada pelo Ministério da Agricultura. O selo mostra a importância desse segmento na capital. O mercado movimenta R$ 8 milhões por ano.
Embora um produto desse tipo custe, em média, 30% mais do que o convencional, a população do DF é adepta à modalidade de plantio sem agrotóxicos e sem uso de sementes transgênicas (leia As diferenças). Segundo a Emater, a estimativa é de que o consumo cresça de 20% a 30%, anualmente. “Brasília tem uma renda per capita alta, que permite ao consumidor comprar o orgânico para garantir a qualidade de vida. Por isso, é um importante mercado e que só tende a crescer”, afirma o gerente da Unidade de Agronegócio do Sebrae-DF, Roberto Faria. Nos últimos 10 anos, a quantidade de propriedades com essa produção aumentou 83,3%, de 120 para 220.
Um dos principais benefícios do selo candango será a diminuição do preço da certificação. De acordo com cálculos do Sebrae-DF e do Sindicato dos Orgânicos do DF, o preço deve cair 55%. Atualmente, funciona assim: uma empresa certificadora de orgânicos cobra, em média, R$ 1,3 mil por ano. São profissionais de outras unidades da Federação, como São Paulo, Paraná e Santa Catarina, que mandam os técnicos para dar a garantia de que a área produz de maneira diferenciada. Micro e pequenas propriedades cadastradas no Sebrae recebem um aporte de 70% desse valor. O que significa que, nesse caso, dos R$ 1,3 mil, o produtor custeia R$ 390.
Com o selo OPAC-Cerrado, o custo de R$ 1,3 mil deve baixar para R$ 580 e, com o apoio dos parceiros como o Sebrae, o custo final para o produtor deve cair a R$ 100. “Isso vai ocorrer porque não vai precisar vir um técnico de outro lugar para a certificação. Primeiro, o grupo de produtores de orgânicos vai fazer a certificação e, depois, um comitê de avaliação composto por técnicos da Embrapa, da Emater e da Secretaria de Agricultura local darão a outorga do selo”, adianta Luiz Carlos Britto Ferreira, coordenador de Agroecologia da Emater.
Gildésio dos Santos Silva, 44 anos, tem um propriedade de dois hectares, no Lago Oeste, onde produz 1.500kg/mês de cogumelos orgânicos, tipo shimeji e champignon. Ele ressalta que, além da redução dos custos na produção, a certificação local permitirá uma maior cooperação entre os produtores de orgânicos. “Hoje, o técnico vem, aponta os erros e vai embora. Com a OPAC, os próprios produtores serão os primeiros fiscais, vai poder haver troca de experiências. E isso é muito importante”, destaca.
É o Ministério da Agricultura que concede a autorização para uma empresa ou uma associação dar o certificado de autenticidade da produção. O pedido do Sindiorgânicos do DF ao órgão foi feito em agosto de 2012 e, um ano depois, a entidade recebeu a autorização. O Sindiorgânicos intermediou como associação de produtores para podermos ter o organismo participativo e conseguirmos esse selo, que é o nosso orgulho”, comemora o presidente do Sindiorgânicos-DF, Moacyr Pereira Lima.
Pontos de venda
Brasília é a segunda capital brasileira com mais feiras de orgânicos: 20, segundo o Fórum Nacional das Entidades Civis de Defesa do Consumidor (FNECDC). Rio de Janeiro fica em primeiro lugar, com 25 pontos. Recife aparece em 3º, com 18; e Curitiba, em 4º, com 16.
As diferenças
Entre alimentos orgânicos e agroecológicos
Os alimentos orgânicos são aqueles cultivados sem agrotóxicos e fertilizantes químicos. A agroecologia, por sua vez, é um conceito mais amplo. Os produtos agroecológicos também não têm agrotóxicos e transgênicos, além de serem cultivados de forma economicamente viável e ecologicamente sustentável.
Entre produto hidropônico e orgânico
O sistema hidropônico usa adubos químicos e produtos como inseticidas e fungicidas. A principal diferença em relação ao sistema convencional de produção na terra é que a planta não tem contato com o solo, pois “cresce” na água. Se for comprar orgânicos no supermercado, fique atento, porque, em alguns casos, é possível ver hortaliças orgânicas e hidropônicas na mesma gôndola.
Fonte: Correio Braziliense
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