Publicado em: 23/09/2024 às 09:00hs
No Seminário Nacional de Pecuária Orgânica em Base Agroecológica, realizado pelo Instituto Federal de Brasília (IFB) na semana passada, o pesquisador João Paulo Guimarães, da Embrapa Cerrados, apresentou os resultados de uma pesquisa participativa focada no sistema agrossilvipastoril orgânico. O evento reuniu técnicos, pesquisadores, alunos e produtores para discutir práticas de criação animal que respeitam o meio ambiente, os animais e consideram as questões sociais.
O pesquisador detalhou que, antes de iniciar o trabalho com os produtores, foram conduzidos experimentos nos campos da Embrapa por três anos. Esses estudos compararam o manejo orgânico da pastagem com o convencional, que utiliza fertilizantes químicos. Dois experimentos foram realizados: um com cultivo prévio de adubo verde e outro sem.
Guimarães destacou que a incorporação de crotalária antes da implementação da pastagem resultou em um aumento significativo na produtividade, especialmente no tratamento orgânico. Também houve um aumento nos teores de fósforo e potássio extraíveis do solo. "A maior percentagem de leguminosas no pasto foi observada no tratamento sem adubação, seguida pelo orgânico, e, por último, no pasto com adubo convencional", explicou.
O pesquisador também discutiu o impacto da aplicação de ureia em pastagens com leguminosas, que são naturalmente capazes de fixar nitrogênio. "Aplicar nitrogênio no solo para plantas que já fazem essa fixação pode inibir o processo natural de fixação", elucidou.
Em sua apresentação, Guimarães relatou que o manejo orgânico demonstrou sucesso. "O consórcio de leguminosas com gramíneas e o uso de adubação verde antes do plantio como fonte de nitrogênio, além de termopotássio e termofosfato como fontes naturais de potássio e fósforo, mostrou-se eficaz", afirmou.
Após os experimentos, o pesquisador implementou o trabalho participativo com produtores em uma área de 1,2 hectares no PAD-DF, cedida pela Coopa-DF. A coleta de dados ocorreu entre 2012 e 2015, e a colaboração dos produtores foi fundamental. Eles solicitaram a inclusão de árvores para sombreamento e a utilização de plantas nativas, exóticas e frutíferas.
O sistema agrossilvipastoril incluía três componentes: arbóreo (faixas de eucalipto e árvores nativas), agrícola (milho, mandioca, batata doce e banana) e pastoril (braquiária e capim elefante). O pesquisador relatou produtividades notáveis: bananas (800 quilos de cachos), mandioca e batata doce (3,4 e 1,3 toneladas, respectivamente), além de uma produção de pastagem e silagem de milho (53 toneladas por hectare) que resultou em um ganho médio de peso das novilhas de 600 gramas por dia.
De acordo com o estudo, o sistema mostrou-se economicamente viável, com um retorno de 4,24 reais para cada real investido. "Nosso objetivo é promover a ecologização dos sistemas de produção, aumentar a conscientização sobre os princípios ecológicos e promover práticas viáveis economicamente que respeitem o meio ambiente e o bem-estar animal", concluiu Guimarães.
Ele também enfatizou a importância de empoderar os produtores, ressaltando que práticas respeitosas com o meio ambiente e bem manejadas são possíveis e economicamente viáveis, desmistificando a ideia de que a pecuária é um vilão do aquecimento global.
Acesse aqui os resultados completos dessa pesquisa participativa:
Fonte: Portal do Agronegócio
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