Publicado em: 23/02/2012 às 19:50hs
O volume das exportações brasileiras de produtos orgânicos avançou 366,32% em quatro anos. De acordo com Ming Liu, coordenador executivo do projeto Organics Brasil, este ano o setor estima um crescimento de 15%. No ano passado, de acordo com estatísticas do projeto, o faturamento foi de US$ 44,3 milhões com base em produtos comercializados no mercado externo.
"Mundialmente as exportações somaram US$ 51 bilhões, no ano passado", afirma Liu.
Dentre os principais produtos brasileiros comercializados no mercado externo estão o açúcar, a soja, o milho, o óleo de palma, o mel e frutas em polpa e in natura. "Ao todo, o Brasil exporta para 70 países. Alemanha, Reino Unido, Estados Unidos e Japão são os principais", diz o coordenador.
Do faturamento mundial, de acordo com Liu, a Europa e os Estados Unidos ficam com a maior fatia, US$ 24 bilhões e US$ 22 bilhões, respectivamente. A previsão de crescimento para as duas regiões gira em torno de 10%.
Para o coordenador executivo, as participações em feiras internacionais tem sido o principal fator propulsor da alta nas exportações do setor para o Brasil. "Além de ampliar o leque de mercado", diz Liu. Na semana passada, ele esteve na Biofach, maior feira de orgânicos do mundo, realizada em Nurenberg (Alemanha).
O Leste Europeu, a Coreia do Sul, a Dinamarca e a Suíça, que antes não tinham contrato com o Brasil, segundo o coordenador, já sinalizaram negócios. "A edição de 2009 da Biofach gerou US$ 34 milhões em negócios para o País." Já este ano, a Organics Brasil gerou contratos de US$ 6,2 milhões.
Liu explicou que os contratos geralmente não são fechados no local, mas os contatos proporcionam perspectivas. "A procura foi grande, estamos otimistas", diz.
O aumento no faturamento brasileiro com as exportações também se deve à adesão de empresas ao longo dos quatro anos de vendas externas do setor. Em 2005, o País contou com 12 empresas e somou US$ 9,5 milhões com a comercialização internacional. Dois anos depois, o salto foi de 250%, para 42 empresas, e retorno de US$ 21 milhões.
Encerrado na última sexta-feira, o evento contou com a participação de 28 companhias, das 74 que integram o programa Organics Brasil, entre elas a MN Própolis, fabricante e produtora apícola (mel e própolis), além de chás, cogumelos e destilados alcoólicos; a Cerealle, que produz e comercializa flocos de arroz, cereais, arroz para sopas e produtos instantâneos e farinha para industrias de diferentes segmentos; e a Gorresen, o com palmito.
Apesar do alto custo de produção do orgânico, o agricultor conta hoje com a possibilidade de aumento nas vendas com o crescimento do mercado interno. "Além do benefício pessoal de cultivar produtos naturais, sem agrotóxicos", afirma Liu.
De acordo com o coordenador, não existe estatística de consumo de produtos orgânicos no Brasil, mas pautado por sua experiência, com o avanço na produção e comercialização mundial, e com a definição da regulamentação do setor prevista para o fim deste ano no País, o avanço no mercado doméstico deve variar em torno de 15 a 20%. "O Pão de Açúcar está aqui [durante a realização da feira em Nurenberg] pesquisando mercado, o que pode indicar investimento", afirma Liu.
O setor de orgânicos brasileiro, segundo o coordenador, não conta com incentivo fiscal do governo federal. "O setor é carente de investimento público", afirma.
Mesmo assim, dados da Organics colocam o Brasil em segundo lugar no ranking dos principais países com maior área extrativista orgânica, com 6,18 milhões de hectares, depois da líder Finlândia, que possui 7,40 milhões de hectares. Na terceira colocação está a Zâmbia com 5,37 milhões de hectares, seguida da Namíbia, com 2,8 milhões de hectares.
Segundo a Itaipu Binacional, pela primeira vez, os mil produtores familiares de orgânicos do Projeto Água Boa marcaram presença na Biofach 2010, além de 15 cooperativas, por meio do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). A feira reuniu 2,5 mil expositores de aproximadamente 100 países.
O Projeto Organics Brasil, que é voltado para a promoção de produtos orgânicos nacionais em terra estrangeira, nasceu da iniciativa privada, uma parceria do Instituto de Promoção do Desenvolvimento, da Federação das Indústrias do Estado do Paraná e da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).
O volume das exportações brasileiras de produtos orgânicos avançou 366,32% em quatro anos. De acordo com Ming Liu, coordenador executivo do Organics Brasil, este ano o setor espera avanço de 15%.
Fonte: DCI - Diário do Comércio & Indústria
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