Orgânico

Cachaça orgânica brasileira faz sucesso na Alemanha

Oito famílias de agricultores familiares da Agroindústria Colônia Nova de Crissiumal, no Rio Grande do Sul, passarão a exportar 60 mil litros de cachaça orgânica para a Europa a partir de junho de 2013


Publicado em: 13/09/2012 às 18:10hs

Cachaça orgânica brasileira faz sucesso na Alemanha

As primeiras vendas para a Alemanha aconteceram em 2007. A porta de entrada foi a participação da agroindústria na BioFach, um dos maiores eventos do setor de orgânicos do mundo - por meio de convite do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Desde então, as vendas aumentam ano a ano.

A cachaça orgânica é produzida seguindo os princípios da agroecologia, sem o uso de agroquímicos e utilizando processos agroindustriais baseados no conhecimento acumulado por várias gerações.

A compradora alemã, Pithoi Weinimporteur, fica no município de Bindlach, no estado da Baviera. O produto, a cachaça Tropical Brazilis, será vendido em grandes cidades alemãs e em países vizinhos, como Áustria, Suíça, Holanda e Bélgica. Os europeus vão receber dois tipos de cachaça: a branca, não envelhecida, guardada em barril de inox, normalmente usada no preparo da caipirinha, e a amarelada, armazenada em barril de carvalho. Cada litro será vendido por R$ 15. O valor da bebida no Brasil é de R$ 10 por litro.

"Nossa cachaça combina tradição familiar com controle de qualidade. Deste modo, produzimos a cachaça orgânica com os saberes acumulados por várias gerações. Cuidamos para que tudo seja feito com qualidade e higiene", diz Iran Carlos Trentin, presidente da Cooperafe Brasil Trento, Cooperativa Regional das Agroindústrias Familiares Ecológica do Vale do Rio Uruguai, da qual faz parte a Agroindústria Colônia Nova de Crissiumal. Trentin assinala que a agroindústria envia periodicamente amostras para os laboratórios europeus, para comprovar a qualidade do produto.

Participam da Agroindústria Colônia Nova de Crissiumal oito famílias que produzem cana orgânica, matéria prima de três marcas de cachaça: a Tropical Brazilis, que atende o mercado europeu; a Vale do Rio Uruguai, destinada ao mercado brasileiro, e a marca São, vendida para os Estados Unidos – a comercialização foi iniciada em 2011. Cada família recebe valor proporcional ao trabalho e à área plantada. No ano passado, a média de renda mensal por família era de R$ 1,3 mil, em 2012, o ganho subiu para R$ 1,8 mil.

Tradição familiar


O avô do agricultor Roberto Tormes Machado produzia cachaça. "Era feita de um jeito diferente, num galpão, não tinha a mesma higiene, o mesmo padrão que temos hoje... Agora modernizamos a produção", conta Roberto, de 39 anos, do município de Crissiumal, que trabalha na Agroindústria Colônia Nova. O agricultor familiar utiliza máquinas, como o moedor, tem sala de fermentação, usa um destilador (com sistema que resfria a bebida), além de pipas de inox para armazenar a cachaça. As máquinas foram financiadas por meio de uma associação, em 2004, pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Roberto também acessou mais recentemente o Pronaf, para custeio da cana-de-açúcar.

Desde a plantação da cana-de-açúcar até a industrialização da bebida, toda a família participa da produção da cachaça, Roberto, o irmão, a esposa e os pais dele. Ele conta que o trabalho é intenso ao longo de todo o ano. A industrialização da bebida acontece entre junho e setembro. "Tudo o que vai ser vendido no ano, é produzido nesse período", explica. A família também cria animais para consumo próprio ? porco, galinha, aves, gado de corte e de leite ? e produz milho. "Mas o carro-chefe é a cana-de-açúcar para a cachaça!", enfatiza Roberto.

Ele descreve que, em um ano bom de colheita (quando não há estiagem), cada hectare produz até 70 toneladas de cana-de-açúcar, o que rende cerca de 35 mil litros de garapa (líquido extraído da cana-de-açúcar no processo de moagem), em torno de 5 mil litros de cachaça.

Trajetória

A Agroindústria Colônia Nova de Crissiumal começou suas atividades no ano 2000. A cana que serve de matéria prima para a cachaça não recebe agrotóxicos nem adubos químicos em nenhuma fase de produção. A fermentação do caldo de cana é realizada por leveduras próprias selecionadas há vários anos pelos agricultores familiares do norte do Rio Grande do Sul.

Em todas as etapas da produção, ocorre rígido controle de higiene. Trentin acrescenta: "Não utilizamos queimadas nas canas e reflorestamos as margens dos riachos de nossos associados. Todas as crianças vão à escola e as mulheres trabalham em todas as fases da produção e comercialização".

Fonte: MDA - Ministério do Desenvolvimento Agrário

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