Meio Ambiente

Trunfo para a Rio+20

Conjunto de práticas conservacionistas é aposta do agro na Conferência da ONU


Publicado em: 30/05/2012 às 15:00hs

Trunfo para a Rio+20

O agro brasileiro vai participar da Rio+20 disposto a mostrar o que vem fazendo para produzir mais e melhor, com respeito ambiental. Para o setor, será oportunidade de apresentar ao mundo uma realidade muitas vezes desconhecida do que é feito no dia a dia das fazendas espalhadas pelo País.

Em camadas da população urbana e também no exterior, o agro rotineiramente tem sua imagem vinculada, por exemplo, a danos ambientais. Na Rio+20, lideranças rurais esperam comunicar outra mensagem, ancorada em iniciativas concretas.

“O agro sempre ficou na defensiva no tocante ao debate ambiental. É hora de mudar este jogo”, diz Luiz Carlos Corrêa Carvalho (Caio), presidente da Associação Brasileira de Agribusiness (Abag). Segundo ele, uma ação articulada de diversas entidades do setor rural e também da indústria – entre as quais, Abag, CNA, CNI, SNA, SRB, Fiesp – está sendo preparada para a Rio+20, com o objetivo de mostrar “experiências sustentáveis” do agro brasileiro.

“Vamos ressaltar as vantagens da agropecuária desenvolvida no Brasil, destacando projetos e tecnologias destinados à produção de alimentos com preservação ambiental”, afirma a senadora Kátia Abreu, presidente da CNA. No entanto, Caio ressalva que a posição do governo federal com relação à relevância do agro na Rio+20 ainda não está clara. “Precisamos ver como o setor será tratado na conferência.”

Agro conservacionista

Um dos trunfos do agro para a Rio+20 é o sistema de integração-lavoura-pecuária-floresta, mais conhecido pela sigla (ILPF). A prática está entre as tecnologias que compõem os compromissos voluntários assumidos pelo Brasil na Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 15), realizada em Copenhague (Dinamarca) em 2009.

Além de ampliar as fontes de renda do produtor rural, justamente pela diversificação de atividades – grãos, pecuária e florestas plantadas – por meio da intensificação do uso da terra, a ILPF traz uma série de benefícios ambientais, com efeitos positivos para fora da porteira, ou seja, com resultados para toda a sociedade.

Entre eles, destacam-se a diminuição dos riscos de erosão; a recuperação de solos degradados, diminuindo a necessidade de abertura de novas áreas; a economia no consumo de água e combustível, e na utilização do maquinário; menor uso de agroquímicos; bem como a redução das emissões de CO2.

João Kluthcouski, pesquisador da Embrapa, assinala que a combinação do plantio direto com florestas plantadas responde diretamente pelos ganhos ambientais promovidos pela ILPF. A técnica do plantio direto dispensa o revolvimento da terra, permitindo uma nova semeadura por cima da palha da cultura anterior. Com isso, explica Kluthcouski, a matéria orgânica acumulada no solo ajuda a fixar carbono, o que ocorre simultaneamente ao sequestro de CO2 realizado pelas árvores plantadas. “Ganho ambiental em dobro.”

Por meio do Programa de Agricultura de Baixo Carbono (ABC), o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) quer ampliar, nos próximos anos, a área cultivada com plantio direto dos atuais 25 milhões para 33 milhões de hectares. Esse aumento permitirá a redução da emissão de 16 a 20 milhões de toneladas de CO2 equivalentes.

Maurício Carvalho, chefe da Divisão de Agricultura Conservacionista do Mapa, diz, ainda, que quando o plantio direto é adotado no cultivo de leguminosas, como a soja, outra vantagem aparece, já que as raízes da planta adquirem dupla função: retiram nitrogênio da atmosfera, tornando o nutriente disponível no solo, e também retém CO2.

Mas não é só na agricultura que a ILPF traz resultados ambientais positivos. No caso da pecuária, com a diminuição no tempo de abate– já que o rebanho engorda mais rápido, em razão, do manejo mais adequado e do pasto de melhor qualidade -, ocorre também a redução na emissão de gases, especialmente o metano, pelo trato digestivo do boi.

“Além disso, a presença de árvores na área de pastagem é um fator que favorece o bem-estar animal”, ressalta Kluthcouski.  O pesquisador estima que cerca de 100 milhões de hectares de pastagens degradadas existentes hoje no Brasil podem ser incorporadas à produção por meio da ILPF. “Isso é algo muito importante de ser mostrado ao mundo, que pode reforçar ainda mais a posição de protagonista do Brasil como fornecedor de alimentos.”

Fonte: SouAgro

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