Publicado em: 01/03/2012 às 08:50hs
Um projeto que visa à preservação do tracajá no Parque Indígena do Xingu, no norte do Estado do Mato Grosso, é posto em prática pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e conta ainda com o apoio de diversas aldeias indígenas da região. Ele abrange o manejo sustentável do animal, tendo como base a redução da predação natural e humana. O projeto foi uma iniciativa dos próprios índios que perceberam a diminuição do número de tracajás, uma de suas principais fontes de alimento. O tracajá (Podocnemis unifilis) é uma espécie de parente da tartaruga da Amazônia, que ocorre nas bacias dos rios Amazonas e Tocantins-Araguaia.
O tracajá é consumido pelos indígenas sendo um item importante na alimentação. Além disso, ele também é importante dentro dos rituais, mitos e tradições, além de fonte de alimento para vários animais da região, assim como os ovos que ele põe — afirma José Roberto Moreira, pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.
Preocupados com a possibilidade de desaparecimento dessa fonte alimentar, em 2005 índios da etnia Kamayurá (aldeia Morená) procuraram a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em busca de apoio técnico e financeiro para recuperar as populações de tracajá.
O projeto se deu por iniciativa dos próprios indígenas. Eles perceberam que o tracajá estava diminuindo em número e resolveram tomar uma iniciativa. Entraram em contato com a Embrapa pedindo apoio técnico e financeiro — conta o pesquisador.
As atividades começaram a ser desenvolvidas em 2007 com a identificação e proteção dos ninhos, além da coleta de filhotes para berçário e posterior soltura. Hoje após cinco anos de projeto, cerca de 30 mil tracajás foram liberados nas lagoas da região.
No momento, apenas tentamos dar um auxílio á natureza. Tentamos reduzir a predação natural e humana sobre esses animais. Os próprios índios escolheram nove praias do Rio Xingu onde foi proibida a captura da fêmea quando ela desova à noite e o recolhimento dos ovos e dos filhotes — diz Moreira.
O entrevistado afirma ainda que, nNo início do projeto, houve resistência por parte de algumas aldeias. Segundo ele, os índios acreditavam que a aldeia Morená queria o tracajá com exclusividade. No entanto, após alguns cursos de educação ambiental, algumas aldeias se sensibilizaram sobre a importância da preservação do tracajá e tomaram a iniciativa de proteger algumas praias.
De acordo com estudos feitos em cativeiro, acredita-se que o tracajá chegue à idade reprodutiva entre sete e dez anos. Como o projeto começou em 2007, passaram-se apenas cinco anos de projeto. Portanto, ainda não temos a mínima ideia do que está acontecendo com os filhotes que estamos soltando — explica ele.
Por outro lado, Moreira conta que no primeiro ano de trabalho, a Embrapa soltou apenas 1.700 filhotes. Já no ano passado, foram soltos 9.300, o que mostra um crescimento significativo da população.
Temos marcado esses filhotes para saber o que acontecerá com eles no futuro — diz.
Para mais informações, basta entrar em contato com a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia através do número (61) 3448-4700.
Fonte: Kamila Pitombeira/Portal Dia de Campo
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