“Queremos aproveitar os recursos florestais nativos e incentivar os plantios a ser utilizado como fonte de madeira para diversas finalidades”, explica Alexandre Uhlmann, doutor em Biologia Vegetal e pesquisador da Embrapa Florestas.

A flutuação do freático é o diferencial entre o Pantanal e outros biomas

Na região da Nhecolândia, a 150 km do centro de Corumbá, no Mato Grosso do Sul, a pecuária extensiva exige cercas o que gera uma demanda por madeira considerável. Além disto, existem outras demandas relacionadas ao componente arbóreo e necessárias ao dia-a-dia das propriedades rurais que precisam ser atendidas. Porém, tradicionalmente ela é obtida de forma inadequada nas próprias fazendas através da extração das matas e, infelizmente, ainda não existe a “cultura” do plantio de árvores para atender este fim. No sentido de atender esta e outras lacunas, o Projeto Biomas pretende pesquisar quais espécies nativas tem maior potencial para plantios para garantir maior sustentabilidade das fazendas da região em longo prazo.

O projeto trabalha com situações bem específicas das propriedades rurais, considerando os tipos de demandas dos sistemas produtivos e as características do produtor e do ambiente. Dentro do Pantanal, tem-se uma dificuldade muito grande com o transporte de produtos pela falta de estradas, e quando estas existem, é muito difícil à trafegabilidade em razão das enchentes, ou mesmo pela elevada quantidade de areia dos solos locais. É necessário que seja gerado conhecimento a respeito do desenvolvimento das diferentes espécies arbóreas nativas para que se possam apontar quais destas os produtores devem focar para os respectivos plantios.

“Nós sabemos que existe esta demanda. Não havendo outra fonte de madeira, a fonte acaba virando a floresta, as árvores nativas. Queremos aproveitar os recursos florestais nativos e incentivar os plantios a ser utilizado como fonte de madeira para diversas finalidades, o que não exclui a possibilidade de uma vertente voltada para a renda como, por exemplo, a venda da semente de frutas e sementes”, explica Alexandre Uhlmann, doutor em Biologia Vegetal e pesquisador da Embrapa Florestas.

As derrubadas mal planejadas também danificam e deixam árvores desprotegidas contra a força do vento. Além de reduzir custos ao produtor rural, o plantio preservaria árvores essenciais para a manutenção do ecossistema do Pantanal, como o manduvi, espécie que abriga 95% dos ninhos de araras daquele bioma localmente.